Ato em defesa da democracia é realizado no Largo São Francisco, em São Paulo, sede da Escola de Direito da Universidade de São Paulo (MIGUEL SCHINCARIOL/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 11 de agosto de 2022 às 13h11.
Última atualização em 12 de agosto de 2022 às 09h49.
Onze de agosto de 2022 já entra para a história brasileira como ato cívico de afirmação da democracia. Um reconhecimento coletivo, plural e urgente dos valores e princípios constitucionais que sustentam as conquistas democráticas que o Brasil teve após o fim da ditadura militar. Um conjunto de conquistas que sofreram ataques diretos de quem deveria protegê-las, se não por apreço, por imposição do cargo e função que ocupa.
A soberania popular e as escolhas majoritárias exercidas pelo voto, são a régua angular do princípio democrático, mas a substância da democracia são instituições estáveis e o estado de direito assegurado para todos os brasileiros e brasileiras, em especial dos mais vulneráveis.
Nossos constituintes foram capazes de expressar e garantir nas linhas da Constituição de 1988, o melhor que as lutas globais civilizatórias conquistaram: as noções de liberdade, igualdade e solidariedade, a proteção de todos e todas sob o manto de um Estado de bem-estar social, onde há direitos garantidos à saúde, a educação, a cultura, a segurança alimentar e a uma vida de oportunidades. A visão dos constituintes é de uma democracia que só conquistará a sua estabilidade quando o povo brasileiro estiver presente na vida e nas políticas públicas do país. Enquanto a maioria da nossa população não tiver garantidas as oportunidades concretas de mobilidade social, através do trabalho e da renda digna, nosso horizonte democrático estará instável.
O compromisso sagrado da democracia é sobretudo com a cidadania, exercida pelo voto popular e por assegurar direitos constitucionais ao seu povo. Ser cidadão significa ter direitos.
Ao se mobilizar pelas eleições de 2022, asseguradas pelo Tribunal Superior Eleitoral, a sociedade civil brasileira abre as condições objetivas, mas também simbólicas, de debater a agenda de direitos inscrita na nossa Constituição e que oferece a substância democrática que precisamos para progredir como país.
A coragem demonstrada hoje em defesa da democracia brasileira, pelos vários setores e segmentos da sociedade, deve ser a mesma para a conquista de uma régua civilizatória que priorize a redução das nossas desigualdades e das mazelas sociais que impõem dor, sofrimento e desesperança para uma parcela crescente da população brasileira. Os 33 milhões que passam fome hoje no país, são um, mas não o único, lembrete que ainda temos um imenso desafio pela frente. Garantir eleições dentro da normalidade e assegurar que os vencedores das urnas sejam empossados, é a condição basilar. A “Carta aos Brasileiros”, lida neste 11 de agosto de 2022, já proclama, “não há mais espaço para retrocessos autoritários”. A agenda está manifesta em outro trecho da Carta e na sua chamada principal: “estado de direitos sempre”.
As urgências desta agenda são conhecidas: o enfrentamento da desigualdade, chaga maior do Brasil, a emergência climática colocando o país como solução e não como problema, a pauta antirracista e a valorização da educação, da cultura e da ciência como bases da construção dessa substância que nos oferece os elementos centrais para sustentar uma democracia cívica e viva.