De onde surgiu o ESG?
Sigla que tem ganhado o mercado financeiro e pautado a atuação corporativa da atualidade surgiu há mais de uma década
Maria Clara Dias
Publicado em 18 de março de 2021 às 09h00.
Última atualização em 19 de maio de 2021 às 16h08.
A preocupação crescente do mercado em estar em concordância com o meio ambiente e sociedade tem dado cada vez mais visibilidade ao termo ESG.
O que é ESG
ESG é a abreviação em inglês de environmental, social and governance, o que se refere à adoção de critérios ambientais, sociais e de governança. O termo tem feito cada vez mais parte da agenda estratégica de companhias de diferentes setores como base para a tomada de decisões financeiras e de investimentos.
A partir da premissa ESG, outros termos também ficam em evidência, como o capitalismo de stakeholder , modelo de negócio que prioriza todas as partes interessadas ao invés do lucro exclusivamente.
Surgimento do ESG
Apesar de ter ganhado notoriedade nos últimos anos, a origem da sigla ESG remete há mais de uma década.
O termo foi cunhado em 2004 em uma publicação pioneira do Banco Mundial em parceria com o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e instituições financeiras de 9 países, chamada Who Cares Wins (Ganha quem se importa).
O documento é resultado de uma provocação do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a 50 CEOs de grandes instituições financeiras do mundo. A proposta era obter respostas dos bancos sobre como integrar os fatores ESG ao mercado de capitais.
A publicação lançada há 15 anos estabeleceu as bases do investimento sustentável, que hoje bate à porta do mercado em caráter de urgência. Até 2025, 57% dos ativos na Europa estarão em fundos que consideram os critérios ESG, segundo um relatório da consultoria PwC.
Por que adotar princípios ESG
Do ponto de vista financeiro, a indústria ESG também revela um potencial em ascensão. Os fundos com premissas socioambientais já atingiram a marca de 1 trilhão de dólares.
O montante foi alcançado em 2020, ano em que os fundos ESG cresceram quase o dobro do restante do mercado, à medida em que crescia o interesse por investimentos de menor impacto e maior resiliência, de acordo com levantamento da Morningstar. A mesma pesquisa da PwC sugere que 77% dos investidores irão abandonar produtos fora da ordem ESG até 2022.
A onda que atinge primeiro a Europa e os Estados Unidos também já chegou ao Brasil, ainda que em menor escala. De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos brasileiros que seguem os padrões de sustentabilidade e governança dobraram de tamanho no último ano e chegam a 1 bilhão de reais.
O contexto atual também dá poder ao consumidor como nunca antes. Compradores podem resolver abraçar ou abandonar velhas premissas que baseavam suas decisões de compra por produtos que não consideravam o impacto social em comunidades e que contribuem com o esgotamento de recursos naturais e com as mudanças climáticas.
O amplo conceito de propósito e engajamento social tem ganhado novos traços com a pandemia, e influenciado cada vez mais os consumidores a escolherem marcas que apoiem causas e tenham direcionamentos de menor impacto.
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