ESG

Da revolução industrial à destruição da ozonosfera

Não existe almoço grátis. Com a industrialização exponencial que o mundo vive desde 1760, a Terra é afetada. Será que existe tecnologia suficiente para conter essas consequências?

 (Getty Images/Getty Images)

(Getty Images/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2022 às 15h02.

Depois da Primeira Revolução Industrial, processo que se iniciou em 1760 e foi até 1840, a sociedade começou a ser apresentada a uma série de mecanismos facilitadores no cotidiano. Nessa época, introduziu-se o conceito de um trabalho maquinário com máquinas a vapor. O real salto tecnológico ocorreu entre os anos de 1850 e 1945, período em que a Segunda Revolução Industrial estava acontecendo. Tecnologias ligadas a meios de produção, a meios de comunicação (incluindo televisões e telefones) e à eletricidade foram desenvolvidas nessa época. Ao realizar uma reflexão, é perceptível que instrumentos e mecanismos que hoje fazem parte do cotidiano são relativamente novos na história da humanidade; exemplificando: para digitar esse texto usufrui-se de um notebook, que, por sua vez, é movido a uma bateria recarregável por meio de um carregador que aplica a fonte de energia através de uma tomada.

Resumindo tudo em uma frase: estou utilizando energia elétrica neste momento. Isso é apenas o computador, mas, ao meu redor, pode-se observar a lâmpada, o Wi-Fi, que tem seu receptor ligado a uma tomada, entre outros objetos. A energia elétrica chegou ao Brasil em 1890, há menos de 200 anos. Além disso, a energia elétrica que se obtinha inicialmente era basicamente acender uma lâmpada. Já as tecnologias citadas anteriormente, como o notebook ou o Wi-Fi, foram desenvolvidas em 1981 e 1997, respectivamente.

A descoberta e aplicação dessas tecnologias foram de extrema relevância na sociedade, já que o modo pelo qual as coisas são feitas foi totalmente modificado para uma automação, ou seja, previamente programado, que não exige muito trabalho. Na geração atual, em que tudo funciona de modo muito rápido, bilhões de mensagens são enviadas em um curto intervalo de tempo e essas mesmas mensagens obtêm respostas quase instantâneas, o que torna a rotina prática e didática. Segundo dados do IBGE (2019), 78,3% da população brasileira utiliza Internet, e não se pode negar que ela é uma grande aliada no dia a dia, tudo pode ser feito e pesquisado com um dispositivo pequeno mais eficiente, como o Smartphone.

Certamente você já ouviu falar do ditado popular: “There is no free lunch”, que pode ser traduzido para o famoso “Não existe almoço grátis”. Toda essa facilidade exige um preço que está sendo cobrado: a saúde do planeta. Com a industrialização exponencial que o mundo vive desde 1760, a Terra é afetada com ações como a destruição da Camada de Ozônio, a aceleração do Efeito Estufa e, como consequência, o Aquecimento Global.

Neste artigo, serão abordados temas como algumas emergências climáticas e possibilidades de resolução com foco na seguinte questão: “Será que não existe tecnologia suficiente para conter essas consequências?”

Aquecimento global, efeito estufa e camada de ozônio

A Camada de Ozônio, trata-se de uma camada gasosa composta majoritariamente por Ozônio (O3), que está localizada na estratosfera a aproximadamente 25 km de altitude. Sua principal função é proteger as formas de vida da intensa radiação ultravioleta proveniente dos raios solares. Desde a Primeira Revolução Industrial, a Ozonosfera é afetada por ações humanas, diante do processo anteriormente citado, a emissão de gases que prejudicam a camada cresceu exponencialmente.

Logicamente, a Revolução Industrial foi marcada pela inserção das máquinas na sociedade, essas, por sua vez, precisam de combustíveis (que podem ou não ser renováveis) e emitem poluentes para a atmosfera. Em 1885, o primeiro protótipo de um carro foi inventado por Karl Benz. Desde essa época os carros são movidos a gasolina, que é um derivado do petróleo, recurso não renovável. Com o avanço da tecnologia, carros elétricos foram desenvolvidos e podem ser considerados uma solução para a questão. Porém, eles continuam emitindo poluentes durante, principalmente, durante a sua fabricação. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente concluiu que 72,6% dos Gases de Efeito Estufa lançados na atmosfera são provenientes do funcionamento de automóveis.

O efeito estufa é um fenômeno natural, por conta dele, a vida é viável na Terra, visto que ele é responsável por conter calor na atmosfera, impedindo que haja grandes amplitudes térmicas ou um esfriamento do planeta. Alguns gases que estão na atmosfera são capazes de absorver a radiação solar. Logo, ao invés de uma grande parcela do calor irradiado voltar diretamente para o espaço, ele é contido na atmosfera, mantendo o equilíbrio energético. Para exemplificar a relação: em um dia ensolarado, quando o carro fica exposto à radiação solar, os raios incidem sobre ele e aquecem o interior do veículo. o calor retido procura sair mas o vidro dificulta esse processo. Assim, o calor fica no interior do carro, aquecendo-o.

Contudo, um grande número de gases na atmosfera também prejudica o planeta, visto que a dispersão do calor é diminuída devido à presença intensa das moléculas já que todas elas irão absorver calor, o que aumentará a temperatura da Terra, retirando o equilíbrio perfeito. A ação descrita é conhecida como Aquecimento Global. Tal fenômeno  é causado pelo processo descrito anteriormente, porém, é importante lembrar que esses gases em excesso estão sendo emitidos por nós, seres humanos, através de atividades industriais e urbanas, como o uso constante de automóveis (que possuem um alto índice de emissão de Dióxido de Carbono, um dos gases do efeito estufa).

Medidas tomadas e planejamentos para o futuro

Depois do encaminhamento inicial, a pergunta norteadora pode começar a ser respondida. Em 1987, o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio foi estabelecido com o objetivo de proteger a camada de ozônio eliminando, da produção e do consumo, substâncias químicas que a destroem. O tratado internacional entrou em vigor depois de quatro anos da confirmação do buraco na Ozonosfera sobre a Antártica, que ocorreu em 1985. Em 2008, tornou-se o primeiro acordo ambiental da ONU (Organização das Nações Unidas) a ser assinado por todos os países do mundo.

A proteção de todos os seres vivos contra a intensa radiação ultravioleta emitida pelo Sol havia sido rompida pelo ser humano, o que está afetando todas as espécies e formas de vida que existem na Terra. Como dito por Meg Seki, Secretária Executiva do Secretariado do Ozônio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), "Quando a ciência sólida é a base da ação universal, podemos superar o que pode parecer desafios ambientais globais intransponíveis". Bons resultados foram obtidos em 2019, quando as partes do protocolo eliminaram 98% das substâncias que destroem a camada, como o bromo e o cloro. Pela primeira vez desde 1980, a recuperação desse importante mecanismo está sendo observada.

Uma das medidas tomadas foi a substituição do uso dos clorofluorcarbonetos (CFCs) por outros gases menos prejudiciais ao meio ambiente, visto que esse gás prejudica o meio ambiente 15 mil vezes a mais do que o Dióxido de Carbono, por exemplo. Outros gases como o hidroclorofluorcarboneto e o hidrofluorcarboneto estão substituindo o uso dos CFCs, vale lembrar que esses outros gases não são a solução ideal, visto que eles continuam prejudicando a camada de ozônio, mas é um bom começo.

Pensando nisso, o Projeto Demonstrativo para o Gerenciamento de Chillers foi coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e executado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e tem como objetivo substituir equipamentos que contenham substâncias destrutivas à camada de ozônio, utilizando o Sistema de Refrigeração Chiller, que é basicamente um resfriador de água que, posteriormente, irá resfriar o ar ou até produtos e equipamentos, em alguns casos.

Entretanto, o buraco da camada de ozônio possui o tamanho do continente africano e, em 2021, a temperatura global atingiu 1,1ºC a mais do que a temperatura do período pré-industrial. Outro ponto discutido é a transição das matrizes energéticas não renováveis para as renováveis, diversas soluções são apresentadas anualmente, mas nem todas recebem o devido reconhecimento e apoio, fato que demonstra ainda mais a desvalorização científica no mundo. O Secretário das Nações Unidas, António Guterres, estimula iniciativas, incentiva investimentos privados e públicos em energias renováveis e, por fim, conclui: “Se agirmos juntos, a transformação das energias renováveis pode ser o projeto de paz do Século XXI”.

* Beatriz Franco faz parte do grupo Jovens Cientistas Brasil. Gostou? Então fique atento às próximas edições da revista Exame, onde mensalmente o Jovens Cientistas Brasil publicará um de seus artigos! Desde células HeLa e retrovírus endógenos, até a superpopulação humana e o telescópio espacial James Webb, o JCB traz a ciência a você. Quer dar uma espiadinha no que está por vir? Visite nosso site: www.jovenscientistasbrasil.com.br e confira nossas publicações.

 

Acompanhe tudo sobre:Pesquisas científicasPlaneta Terra

Mais de ESG

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio