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COP16, na Colômbia, vira ameaça permanente para população, que foge da violência

Ação de guerrilheiros traz desespero para quem vive ao redor de Cali; tiros e explosivos são alguns dos avisos dos dissidentes da extinta Farc

Insegurança: “Você está em casa e uma colher cai e você fica tenso”, desabafa morador (AFP Photo)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 31 de julho de 2024 às 13h34.

Última atualização em 31 de julho de 2024 às 13h49.

Cansada dos disparos e das bombas, Ana Muñoz fechou seu comércio em um bairro vizinho à sede da COP16 naColômbia. Os moradores ao redor de Cali temem os guerrilheiros que exibem sua força às vésperas da cúpula sobre biodiversidade.

Durante 4 horas em 19 de julho, a família dessa vendedora de 40 anos esperou trancada em sua própria casa que os tiros parassem. Tratava-se de um novo combate em Robles, um bairro do município de Jamundi, a 18 km de Cali, onde acontecerá a COP16, de 21 de outubro a 1° de novembro.

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A poucos metros da casa de Muñoz, a força pública enfrentava dissidências da extinta guerrilha das Farc , que em meio a sua ofensiva lançaram uma ameaça contra o presidente Gustavo Petro: " A COP16 irá fracassar, mesmo que militarize a cidade com gringos ", alertaram em um comunicado em 16 de julho.

Mais cedo, Muñoz escutou a explosão de uma moto carregada com explosivos que derrubou a casa de um vizinho. O homem fugiu como a maioria na cidade por medo dos rebeldes que rejeitaram o acordo de paz de 2016.

“Aqui quase todo mundo foi embora”, diz Muñoz, que empacotou os sacos de ração animal que estava vendendo e os levou para outra parte da cidade para não correr mais riscos.

Abandono

Agora o município está deserto, os muros esburacados e as entradas das casas cheios de vidros quebrados. Tanques e soldados vigiam os arredores.

Um problema similar acontece nas outras cidades dos departamentos do Valle do Cauca (sudoeste) e Cauca, bastiões da dissidência das Farc chamada Estado Maior Central (EMC).

"É muito preocupante", diz Muñoz sobre as ameaças à cúpula mundial na terceira maior cidade da Colômbia, de 2,2 milhões de habitantes.

Diversos chefes de Estado já confirmaram sua presença, segundo o prefeito de Cali, Alejandro Eder.

Quando a bomba da motocicleta explodiu, Fabio Díaz, de 69 anos, jogou a si mesmo e a sua esposa no chão. De acordo com o casal, cerca de 50 das galinhas que eles engordam para vender morreram “de susto” em outros ataques recentes.

“Você está em casa e uma colher cai e você fica tenso”, diz o homem, que ganha algumas moedas guiando motoristas de carros e ônibus pelo labirinto de ruas fechadas com barricadas montadas pelas forças de segurança.

No parque principal, há três tanques militares com soldados e policiais em alerta. Embora Jamundí tenha sofrido com o conflito armado que durou quase seis décadas, a violência nunca atingiu esse nível antes, de acordo com os moradores locais.

O escritório da ouvidoria do estado alertou este ano que os dissidentes das Farc têm esse município “em xeque” por causa do recrutamento, sequestros, extorsão e assassinatos.

Em 18 de julho, o prefeito Eder viajou para Nova York para acordar um plano de cooperação com a polícia de Nova York, que é especialista em contraterrorismo.

“Levamos qualquer ameaça a sério”, disse ele à AFP. No entanto, ele diz estar “seguro” de que a COP16 será um sucesso.

Como costuma acontecer na Colômbia, as grandes cidades foram permeadas por grupos armados ilegais de forma clandestina, mas os atos de violência mais cruéis ocorrem no campo e em vilarejos remotos. Em Cali, uma cidade cheia de árvores e atravessada por rios, a COP16 é motivo de esperança.

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