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Combustíveis fósseis colocam em risco plano de domínio dos EUA em IA

Estimativas apontam que data centers podem dobrar demanda energética e custos da matriz americana preocupam

Alto consumo de data centers e matriz energética cara podem influenciar no desempenho americano (gorodenkoff/Getty Images)

Alto consumo de data centers e matriz energética cara podem influenciar no desempenho americano (gorodenkoff/Getty Images)

Publicado em 26 de dezembro de 2025 às 17h38.

Um dos objetivos do governo dos Estados Unidos é alcançar a dominância global em inteligência artificial (IA). No entanto, o aumento da demanda e o alto custo da matriz energética podem atrasar o país.

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que a demanda global de eletricidade dobre até 2030. 

Para a administração de Donald Trump, vencer a corrida da IA é consagrar os EUA como uma das principais e mais ricas economias do mundo.

O plano de ação em IA da Casa Branca reforça essa ideia na abertura do documento.

Importância da IA para os Estados Unidos

A IA é parte do plano de governo americano para compensar o desaceleramento causado pelas tendências demográficas.

Em 1960, o crescimento de produtividade era 2,5% ao ano, mas, 20 anos depois, esse índice caiu para 1,5%.

A pressão não deve ceder e sem tecnologias que ampliem a força de trabalho, os níveis podem cair ainda mais.

Para o professor associado de Yale, Michael Peters, o país precisa redescobrir seu dinamismo para manter a posição global.

O cofundador e estrategista-chefe de investimentos da Absolute Strategy Research, Ian Harnett, endossa o posicionamento de Peters para o Financial Times.

A análise da minha própria empresa sugere que a IA já elevou a produtividade do trabalho nos EUA entre 0,1 e 0,9 ponto percentual e pode, eventualmente, aumentar o crescimento da produtividade global em cerca de meio ponto percentual ao ano ao longo da próxima década.

Limitação para o avanço da IA

Apesar da importância da tecnologia para a manutenção da dominância americana, o país enfrenta um problema prático: o impacto do alto consumo dos data centers na matriz energética do país. 

Para a IEA, mais da metade da eletricidade que abastecerá os data centers dos EUA continuará sendo fornecida por combustíveis fósseis. E o consumo deve aumentar:

  • Em 2024, a demanda dos data centers era de 460 terawatts-hora (TWh);
  • Até 2030, deve superar os 1.000 TWh;
  • Em 2035, o consumo deve ser de 1.300 TWh.

O principal combustível usado deverá ser o gás natural.

Os cancelamentos que Trump promoveu contra iniciativas de energia renovável contribuirão para retardar o avanço de outras matrizes mais eficientes, econômicas e menos poluentes.

Qual o problema dos combustíveis fósseis?

Um dos grandes problemas da matriz baseada em hidrocarbonetos (combustíveis fósseis) é o custo.

Desde 2020, o custo médio de energia elétrica nos Estados Unidos subiu 38% e esta taxa é frequentemente associada ao aumento da demanda dos data centers.

Outro ponto de atenção é o impacto físico na economia.

Como energia, água e produção de alimentos são sistemas interligados, o impacto negativo das necessidades energéticas no consumo hídrico pode afetar a cadeia de produção alimentar americana.

É importante observar que dois terços dos data centers construídos ou planejados nos Estados Unidos desde 2022 estão em áreas de estresse hídrico.

Uma cadeia de problemas envolvendo esses três pilares poderia desencadear riscos para a segurança alimentar de longo prazo no país.

Vantagem da matriz renovável

Fontes renováveis de energia se contrapõem em alguns pontos aos combustíveis fósseis. Sendo um deles o valor.

Com a queda nos custos de matrizes de energia renovável, a IA americana pode ser ultrapassada pela de outros países que realizaram a transição ou que estão buscando por ela como a China.

O caso chinês

Na China, a matriz energética também depende de hidrocarbonetos, principalmente do carvão, para abastecer os data centers.

O diferencial do país asiático é o foco em transicionar para fontes renováveis.

A IEA estima que a China reduza o volume de eletricidade proveniente de hidrocarbonetos em data centers a partir de 2030.

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