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Com NDCs ousadas, América Latina pode liderar o combate às mudanças climáticas, diz ONU

A falta de ação, por outro lado, pode reduzir em até 23% o PIB per capita na região, segundo Simon Stiell, secretário executivo da ONU para Mudanças Climáticas

Simon Stiell, secretário executivo para Mudanças Climáticas da ONU (UN Photo/Cia Pak/Divulgação)

Simon Stiell, secretário executivo para Mudanças Climáticas da ONU (UN Photo/Cia Pak/Divulgação)

Rodrigo Caetano
Rodrigo Caetano

Editor ESG

Publicado em 11 de setembro de 2024 às 12h10.

Durante a abertura da Sessão Especial do Fórum de Ministras e Ministros do Meio Ambiente da América Latina e do Caribe, realizada no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 12, Simon Stiell, secretário executivo da ONU para Mudanças Climáticas, destacou o papel fundamental da América Latina e Caribe no enfrentamento da "tripla ameaça" de perda de biodiversidade, desertificação e crise climática global. Segundo Stiell, a região está em uma posição privilegiada para liderar iniciativas climáticas, com suas vastas capacidades para soluções baseadas na natureza e a geração de energia limpa.

Stiell elogiou a rica biodiversidade da região e sua capacidade de desenvolver soluções climáticas inovadoras, além de apontar o crescimento do setor de energia limpa como uma oportunidade para impulsionar economias. Ele ressaltou que o desenvolvimento de energia limpa pode aumentar em mais de 15% os empregos no setor energético da América Latina até 2030, fomentando um ciclo virtuoso de investimentos e elevação dos padrões de vida.

O discurso também abordou a necessidade urgente de governos apresentarem novos planos climáticos nacionais, as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) 3.0, até o início de 2024. Esses planos são essenciais para que os países da região consigam evitar os piores efeitos das mudanças climáticas, além de promoverem o crescimento sustentável e a resiliência das economias locais.

As NDCs são compromissos climáticos assumidos por países que aderiram ao Acordo de Paris de 2015. Esses compromissos têm como objetivo principal limitar o aquecimento global a no máximo 2ºC, com a ambição de restringi-lo a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. Cada país estabelece suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa de forma voluntária, de acordo com suas realidades econômicas e capacidades internas. As NDCs são revisadas a cada cinco anos para aumentar a ambição e garantir o cumprimento dos objetivos climáticos globais.

No caso do Brasil, por exemplo, a NDC atualizada estabelece a meta de reduzir as emissões em 50% até 2030 e atingir a neutralidade climática até 2050.

Impactos econômicos e a importância da ação climática

Stiell fez um alerta sobre os altos custos da inação frente à crise climática, citando que as projeções indicam uma redução de até 23% no PIB per capita da América Latina e Caribe até 2050, caso os governos não tomem medidas imediatas. Ele também compartilhou um relato pessoal sobre os danos causados pelo furacão Beryl em sua terra natal, Carriacou, em Granada, enfatizando os impactos devastadores dos desastres naturais, que são cada vez mais frequentes.

Além dos impactos econômicos, Stiell frisou que a perda de biodiversidade e solo fértil compromete a segurança alimentar e a capacidade dos países de atender às necessidades básicas de suas populações, especialmente em meio a crises de dívida que já afetam muitas nações da região. Os efeitos dessas crises incluem ciclos de endividamento mais profundo, dificultando investimentos em medidas de resiliência climática e ações de descarbonização.

Diante desse cenário, o secretário da ONU defendeu a necessidade de maior financiamento climático e destacou a urgência de ampliar a cooperação internacional para tratar de temas como segurança alimentar e gestão da água, que estão profundamente ameaçados pelas mudanças climáticas.

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