ESG

Com fábrica de projetos e caixa robusto, BNDES mergulha no ESG

Em carta, presidente da instituição, Gustavo Montezano, afirma que mundo assiste uma explosão da filosofia ESG e promete defender o “S” com unhas e dentes

Gustavo Montezano, presidente do BNDES: problemas na divulgação (Fátima Meira/FuturaPress)

Gustavo Montezano, presidente do BNDES: problemas na divulgação (Fátima Meira/FuturaPress)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 4 de fevereiro de 2022 às 06h00.

Última atualização em 4 de fevereiro de 2022 às 10h18.

O BNDES irá entrar de cabeça no universo do ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês). O presidente da instituição, Gustavo Montezano, deixou claro, em carta ao mercado, que os critérios socioambientais e de governança permearão a estratégia do banco de fomento para 2022. Montezano prometeu defender a letra “S” com unhas e dentes, incororar um “G” maiúsculo nesse processo de reconstrução, e classificou o Brasil como uma potência ambiental capaz de liderar a corrida tecnológica da economia verde.

Montezano já havia mencionado a intenção de dar uma guinada em direção ao novo capitalismo. Em entrevista à EXAME durante a COP26, conferência do clima da ONU realizada em novembro, na Escócia, ele afirmou que o retorno sobre os investimentos não é mais só financeiro, é climático. O que estamos vendo é como uma mudança da força gravitacional. A economia como um todo terá de se adaptar, e quem não fizer terá dificuldade de colocar seus produtos no mercado”, disse. “A transição se dará com esforços conjuntos entre público e privado.”

Na carta, ele deu detalhes da estratégia. O banco buscará ter um papel relevante no desenvolvimento do mercado de créditos de carbono, com especial destaque para o setor de florestas e o mercado voluntário. “A exemplo do que o Banco fez no mercado de capitais brasileiro no início do século, podemos ter um papel-chave no desenvolvimento desses novos mercados”, afirmou Montezano.

A agenda climática estará presente, de maneira transversal, a todos os setores. Em infraestrutura, Montezano falou em reduzir o hiato em mobilidade urbana e resíduos sólidos, replicando nesses segmentos a agenda de saneamento em curso atualmente. Na área social, o foco estará na educação “Vamos atuar na educação básica e em projetos 14 de qualificação profissional, promovendo capacitação e contribuindo para a redução do desemprego estrutural”, disse.

Balanço do ano passado

Montezando também fez um balanço das ações realizadas no ano passado. Ele destacou o processo de desinvestimentos implementado, que promoveu a venda de 80 bilhões de reais em participações detidas pelo BNDES em empresas maduras. Sobre a pandemia, destacou o papel do banco no financiamento de pequenas empresas, disponibilizando mais de 90 bilhões de reais para o setor.

Outro destaque foi a “Fábrica de Projetos”, criada para resolver o que o presidente chama de a maior carência do BNDES. “Num país com âncora fiscal e juros “terrenos”, nossas maiores carências passam a ser bons projetos: boas modelagens, análise ambiental, planos de engenharia, contratos de concessões, adequação aos órgãos de controle e parametrização financeira inteligente”, afirmou.

“Formamos uma carteira de 160 projetos, com um investimento potencial acima de R$ 300 bilhões entre transações já concluídas com sucesso e a serem realizadas”, disse Montezano. “Sejam elas de infraestrutura, imobiliárias ou de concessões ambientais, essa carteira será um dos grandes legados para gerações futuras. Gerenciamos hoje, como exemplo, o maior programa de concessões de ativos ambientais do planeta.”

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