Coca-Cola será investigada sobre uso indiscriminado de água na Colômbia
País passa por grave crise e enfrenta racionamento; denúncia aponta que envasadora da marca estaria explorando a extração de água de forma irrestrita
Agência de notícias
Publicado em 26 de agosto de 2024 às 17h44.
Autoridades ambientais da Colômbia anunciaram, nesta segunda-feira, 26, o início de uma investigação envolvendo uma envasadora da Coca-Cola por supostamente explorar irrestritamente a extração de água em um município andino em meio à seca e aoracionamento hídrico.
A gigante americana de bebidas foi recentemente mencionada em uma investigação jornalística que afirma que a marca Manantial (pertencente à Coca-Cola) estaria extraindo milhares de litros de água "sem restrições" em La Calera, uma cidade vizinha a Bogotá .
Desde abril, milhões de pessoas nacapital colombianae arredores sofrem com cortes periódicos no fornecimento devido ao baixo nível dos reservatórios e à falta de chuvas.
A estatal Corporación Autónoma de Cundinamarca (CAR) anunciou que verificará as denúncias jornalísticas.
"Na normativa é claro que o uso prioritário deve ser para o consumo humano e não para atividades industriais ", disse Alfred Ballesteros, diretor da CAR, ao Noticias Caracol.
Em 11 de agosto, o portal jornalístico Vorágine informou que a Manantial, uma das sete envasadoras da Coca-Cola na Colômbia, estava extraindo mais de 279.000 litros diários de água de um córrego de La Calera em plenaemergência hídrica.
Estudo hidrológico
A CAR realizará um " estudo hidrológico da microbacia (córrego) para entender qual é a oferta hídrica (...), qual é a demanda e, com base nisso, determinar se há água suficiente, em primeiro lugar para as comunidades e, em segundo lugar, para outros usos", acrescentou o diretor.
"Como autoridade ambiental, me preocupa mais que a população tenha acesso à água potáve l e não podemos privilegiar o uso de um particular em detrimento da comunidade ", afirmou.
A Manantial tem licença para extrair 3,23 litros de água por segundo em La Calera desde 1981. A multinacional americana não se manifestou publicamente sobre a reportagem, que cita agricultores da região afetados pela seca.
Segundo Ballesteros, está programada uma visita à envasadora para verificar, até meados de setembro, se a empresa cumpre com as medidas de compensação ambiental estipuladas pela lei.