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Chinesa BYD amplia produção de painéis solares no Brasil com retomada na demanda

Com expansão, unidade de produção na cidade de Campinas (SP) passaria a funcionar 24 horas por dia

Linha de montagem em fábrica de painéis de energia solar da BYD: empresa que ampliar produção no Brasil (Amanda Perobelli/Reuters)

Linha de montagem em fábrica de painéis de energia solar da BYD: empresa que ampliar produção no Brasil (Amanda Perobelli/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de março de 2021 às 17h07.

Última atualização em 10 de março de 2021 às 17h09.

A chinesa BYD ampliou a produção de painéis para geração de energia solar em sua fábrica em Campinas (SP), com a abertura de um novo turno de trabalho, e avalia uma expansão adicional que se concretizada levaria a unidade a operar 24 horas por dia, disse à Reuters um executivo da companhia.

O movimento da empresa, que além da oferta local também importa equipamentos para atender clientes no Brasil, vem em meio a um reaquecimento dos investimentos em energia solar depois de um baque inicial por efeitos da pandemia.

Mesmo com a crise do coronavírus, a energia solar foi a fonte que mais cresceu no país em 2020, se consideradas tanto grandes usinas como instalações menores, incluindo sistemas de geração em telhados, superando termelétricas e parques eólicos.

"Com a Covid, de março a junho foram meses muito difíceis, não virou nada. A partir de julho até dezembro teve um aumento, devagar, mês a mês. Mas janeiro e fevereiro tiveram aumento de vendas muito significativo e a projeção para o futuro também é boa", disse à Reuters o diretor de Marketing e Sustentabilidade da BYD no Brasil, Adalberto Maluf.

Segundo ele, a empresa contratou 60 novos funcionários, alta de quase 20% frente aos 350 de antes, e já opera desde o inicio do mês com capacidade ampliada de 250 megawatts/ano em placas solares, com a abertura de um segundo turno de atividades para sua única unidade de produção de equipamentos fotovoltaicos no país.

Mas a empresa quer sentir a temperatura do mercado, e poderá apostar em um terceiro turno no segundo semestre caso a demanda siga aquecida como neste início de 2021.

"A decisão vai ser ainda no primeiro semestre. Hoje a fábrica já comporta o terceiro turno, falta só contratar gente. Quando estamos com três turnos, é 24 horas, de segunda a segunda, só para no domingo à noite", destacou Maluf.

Com essa nova expansão, a capacidade de produção local poderia atingir 400 megawatts. No total, a BYD espera atingir vendas de 1 gigawatt em placas solares no Brasil em 2021.

"Se a fábrica crescer, a participação nacional vai ser maior. Se não, vamos importar. Provavelmente será algo como 40% de módulo nacional e 60% importado."

Ele disse que, com os sinais positivos dados pelo mercado brasileiro, a BYD viabilizou investimentos de 7 milhões de reais em adaptações de sua linha de produção para montar módulos solares maiores e de maior eficiência.

CRESCIMENTO FORTE

Para a BYD, o Brasil poderia instalar em 2021 cerca de 6 gigawatts em capacidade adicional de geração solar, entre usinas de grande porte e sistemas menores, de geração distribuída (GD).

Atualmente, o país possui cerca de 8 gigawatts operacionais em instalações fotovoltaicas, sendo cerca de 5 gigawatts em GD.

Em 2022, as novas instalações poderiam somar 8 gigawatts.

"Acreditamos que 2021 e 2022 serão muito positivos para a BYD no Brasil", disse Maluf, ao revelar projeções internas da empresa para o mercado brasileiro.

Ele disse que esses volumes devem ser possíveis devido a um momento de fortes investimentos em geração distribuída e projetos de energia solar que vendem a produção diretamente para empresas, no chamado mercado livre de energia.

A retomada de leilões para contratação de novas usinas de geração de energia no país, após uma suspensão de licitações no ano passado, por incertezas associadas ao coronavírus, também deve ajudar a gerar volumes nos próximos anos.

CÂMBIO E NEGÓCIOS

O diretor da BYD disse que a empresa também tem planos de adensar sua cadeia produtiva no país e os fornecedores locais, até para reduzir impactos cambiais sobre os equipamentos.

Ele admitiu que a valorização do dólar e o próprio aumento da demanda elevaram custos de painéis no Brasil, mas descartou que isso possa reduzir o apetite de investimentos no setor.

"A solar se viabilizou como a grande fonte de energia limpa do mundo".

Segundo Maluf, cerca de 60% do custo de fabricação dos painéis no Brasil está associado ao dólar.

Mas a BYD tem planos de aumentar a fatia de componentes locais com a produção no Brasil de células solares, principal produto tecnológico do setor, e está em negociações para que um parceiro faça esse investimento em breve.

Isso deverá ser possível nos próximos anos, quando a empresa conseguir assegurar uma fabricação anual de ao menos 500 megawatts em placas no Brasil, afirmou o diretor.

"Temos parceiros que têm linha de montagem, fábricas, e com 500 MW já se disporiam a vir investir aqui, a gente garantindo a compra deles. Com 500 MW já abre essa possibilidade".

O executivo defendeu ainda que a produção de painéis solares no Brasil é um importante avanço para o país em meio a uma tendência de desindustrialização vista nos últimos anos.

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