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Carga tributária do setor de óleo e gás pode aumentar até 20% após reforma

Entre 2010 e 2020, o setor gerou mais de R$ 891 bilhões em arrecadação, recolhimento de tributos e participações governamentais e atraiu US$ 47 bilhões de investimento estrangeiro

Plataforma: gastos com a contratação de serviços, aluguel de máquinas e equipamentos e afretamento de navios e plataformas teriam um aumento significativo (André Ribeiro / Agência Petrobrás/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 1 de abril de 2024 às 11h34.

Última atualização em 1 de abril de 2024 às 12h13.

A reforma tributária poderá elevar a carga sobre os investimentos da indústria de petróleo e gás natural em 14%, revela estudo da Infis Consultoria, especializada em tributação do setor. O número poderia chegar a 20%, caso o regime especial de compra e venda de equipamentos para exploração e produção de petróleo, o Repetro, não seja mantido, calcula a consultoria.

Segundo a Infis, o impacto se daria pela incidência plena dos novos tributos sobre bens e serviços — Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). A consultoria levou em consideração uma alíquota padrão de 28% do novo IVA Dual sobre contratos de desenvolvimento de campos de petróleo e gás do pré-sal .

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"Essa tributação acarretaria em um aumento de carga tributária significativo das empresas do setor, visto que os gastos com a contratação de serviços, aluguel de máquinas e equipamentos e afretamento de navios e plataformas são vultosos e teriam um incremento de alíquotas significativo", explica Eduardo Pontes, especialista em tributação do setor e sócio da Infis. "Isso resultaria em reflexos muito negativos para o país na atração de novos investimentos".

De acordo o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), a atividade de extração de petróleo e gás natural foi uma das principais responsáveis pelo ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil nos últimos dez anos. Além disso, dados do instituto mostram que o setor é responsável por pagar, direta ou indiretamente, 69% de sua receita bruta ao governo, por meio de impostos, royalties e participações.

"No Brasil, há uma falsa percepção de órgãos do governo de que o setor de O&G (óleo e gás) é favorecido por políticas fiscais. Entre 2010 e 2020, o setor gerou mais de R$ 891 bilhões em arrecadação, recolhimento de tributos e participações governamentais e atraiu US$ 47 bilhões de investimento estrangeiro, o que representa cerca de 3% do total de IED no período. O setor é uma potência que contribui para o crescimento do país, e não o contrário", afirma Pontes.

Recuperação dos tributos

Outro ponto de preocupação da indústria é a falta de clareza sobre a recuperação desses tributos pelos princípios estabelecidos na reforma tributária. Ainda segundo Pontes, não há garantias sobre como o setor poderia compensar ou restituir o acúmulo de créditos vindos desses investimentos na fase de exploração e desenvolvimento.

"Formada preponderantemente por empresas exportadoras, a indústria de O&G já é uma grande acumuladora de créditos tributários e enfrenta constantes dificuldades para recuperar esses valores. As limitações impostas pela União e pelos estados tornam esse cenário ainda mais complexo", afirma ele.

A tributação do setor será debatida no II Seminário de Tributação em Óleo & Gás, que acontece na próxima quinta-feira, 4, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no Centro do Rio. Com a participação de representantes da Receita Federal e da indústria de petróleo e gás, o evento debaterá ainda temas como a tributação de gás natural, ICMS no setor e o cenário do Repetro-Sped e do Repetro Industrialização.

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