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Brasil precisa atrair US$ 3 trilhões rumo ao net zero e pode ser hub de soluções climáticas, diz BCG

Os investimentos sustentáveis devem priorizar projetos nos setores de transporte, agricultura, indústria e energia

Arthur Ramos, diretor-executivo e sócio do BCG: o Brasil ainda está no começo da curva de descarbonização, mas está avançando e atrai investidores (Leandro Fonseca/Exame)
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 19 de setembro de 2024 às 17h37.

Última atualização em 19 de setembro de 2024 às 17h40.

Descarbonizar o Brasil e atuar paralelamente como um hub de soluções climáticas para o mundo: esta é a aposta do Boston Consulting Group (BCG) até 2050, ano em que o país tem a meta de se tornar ‘net zero’ e zerar suas emissões de gases de efeito estufa. Até lá, um estudo da consultoria aponta que serão necessários US$ 3 trilhões em investimentos sustentáveis em diversos setores-chave como transporte, agricultura, indústria e energia.

Para Arthur Ramos, diretor-executivo e sócio do BCG, ainda estamos no começo da curva, mas o cenário é positivo e há mais interesse de investidores pela gama de possibilidades e recursos naturais que o Brasil oferece. “Há avanços acontecendo e mais anúncios de projetos verdes, captação de recursos, além de muitas discussões em bioeconomia e maior protagonismo das startups e universidades. É só olharmos para este evento em que estamos presentes aqui em Nova York [Brazil Climate Summit], são muitos interessados. A cultura regenerativa está ativa”, disse em entrevista à EXAME.

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O transporte, responsável por cerca de 9% das emissões totais brasileiras, é peça-chave para a transição energética, e sua descarbonização envolveria biocombustíveis e infraestrutura de eletrificação. Já na área de energia, há a expectativa de um aumento de 3% ao ano no consumo, o que exigiria novas fontes renováveis – c omo o hidrogênio verde e a biomassa.

Segundo o BCG, o net zero é possível devido às vantagens competitivas do país: líder em reflorestamento globalmente, matriz energética predominantemente renovável (88%), grande exportador de commodities com potencial para escalar a agricultura sustentável e rico em minerais críticos, recursos naturais e biodiversidade.

“Como então entregamos essas soluções para o mundo?", indagou Arthur. Segundo ele, é preciso trazer tanto investimentos nacionais como internacionais para cá e promover a troca de pessoas e capital entre os países, focando em suas sinergias e peculiaridades. Por exemplo, onde há floresta degradada como no Brasil, existe a possibilidade de recuperar áreas. Em países com floresta tropical, como na África, Indonésia e parte da América Latina, o Brasil pode ser exemplo em tecnologia e exportar soluções.

“O principal desafio é o próprio financiamento climático, pois estamos falando de umvolume grande de recursos e o capital e seus riscos no Brasil são mais altos para os investidores. Mas ao mesmo tempo, há um enorme interesse pelo potencial e oportunidade”, destacou Arthur. Para ele, a prioridade para avançarmos é a regulação do mercado de carbono, que poderia destravar os investimentos em soluções baseadas na natureza e impulsionar a compensação das emissões.

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