Presidente dos EUA, Joe Biden: governo americano não descarta sanções econômicas caso Brasil não estabeleça novas metas ambientais (Tom Brenner/Reuters)
O governo dos Estados Unidos pretende endurecer as regras para o estímulo financeiro ao Brasil caso autoridades do país não deixem claras novas políticas contra as mudanças climáticas, em especial o combate ao desmatamento ilegal.
Em reunião com jornalistas brasileiros, um diplomata americano (que não teve o nome revelado pela imprensa) afirmou que o presidente americano Joe Biden deve aplicar medidas restritivas ao Brasil e não descarta sanções ao país. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.
O governo de Jair Bolsonaro tem sofrido duras críticas em relação a seu posicionamento no combate às mudanças climáticas e à devastação ambiental. Os níveis elevados de desmatamento em biomas como a Amazônia e as queimadas históricas no Pantanal também despertaram o olhar atento do mercado financeiro global.
Nos últimos meses, representantes do governo brasileiro deixaram explícito o desejo de que nações ricas, tal como Estados Unidos, subsidiem projetos de preservação ambiental e que, sem esses recursos, seria impossível proteger o meio ambiente.
Segundo a reportagem, a equipe de Biden considera três possíveis frentes de apoio financeiro. O primeiro seria através de parcerias e auxílio técnico da agência para o desenvolvimento (Usaid), órgão do governo americano responsável pela distribuição de ajuda externa. O segundo seria o pagamento com base em resultados, algo que, segundo o diplomata, já tem sido analisado com seriedade por países como Alemanha e Noruega.
“Se o Brasil puder reduzir o desmatamento, e puder demonstrar que é um mecanismo eficaz para evitar o corte de árvores, então haveria pagamentos da comunidade global. Pagamentos sobre os resultados. Não pagamentos adiantados, mas sim quando virmos as mudanças”, disse.
Sanções
Durante sua campanha eleitoral, Biden chegou a falar que poderia impor sanções econômicas ao Brasil, caso não houvesse ações para conter a alta no desmatamento. O presidente americano afirmou ainda que poderia fazer oferta de 20 bilhões de dólares para a criação do “Fundo Amazônia”, em conjunto com outros países. "Se o mundo vai fazer um investimento para ajudar a combater o desmatamento, é preciso criar confiança", afirmou. "Não estamos dizendo como o Brasil precisa agir. Mas nos parece que há medidas que precisam ser tomadas. O que buscamos é clareza. É uma questão de construção de confiança. O mundo vai olhar e entender que o Brasil está avançando? Ou não?", disse o diplomata.
Na ocasão, Bolsonaro reagiu mal ao dizer que interferência externa afetaria a soberania do Brasil sobre a Amazônia. Em resposta a isso, o diplomata afirmou que a agenda continua sendo responsabilidade do Brasil, porém a interação de outras nações deve mitigar o desmatamento de maneira mais ágil e colaborativa. "Não estamos presumindo que esta seja uma agenda dos Estados Unidos. Isso tem de ser do Brasil, tem de ser dentro do contexto da soberania brasileira. Mas pessoas de fora podem ajudar? Achamos que a resposta é sim. E se pudermos fazer isso e evitar o desmatamento, acreditamos que seria uma vitória para todos", afirmou o americano.