ESG

Bayer recebe comentários homofóbicos no Instagram e se posiciona

Cerca de 100 comentários negativos em vídeo da Bayer com o influenciador Vitor diCastro acenderam um alerta na companhia que se posicionou e reforçou práticas de diversidade e inclusão LGBTI+

Bayer se posiciona após comentários homofóbicos em perfil corporativo no Instagram  (Bayer/Divulgação)

Bayer se posiciona após comentários homofóbicos em perfil corporativo no Instagram (Bayer/Divulgação)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 26 de março de 2022 às 08h00.

Última atualização em 29 de março de 2022 às 10h26.

Em tempos de retorno aos escritórios após ondas mais fortes da covid-19, as empresas têm buscado modelos ideais entre o trabalho presencial, online ou híbrido. Neste cenário, a Bayer lançou no Brasil ou BayFlex, um modelo de trabalho híbrido no qual cada equipe toma a melhor decisão sobre a jornada. Para comunicar a novidade, um vídeo explicativo foi comandado pelo influenciador Vitor DiCastro e divulgado internamente em 17 de dezembro, tendo repercussão positiva.

Porém, nesta semana, quando o modelo de trabalho entrou em vigor, o mesmo vídeo foi publicado no Instagram da companhia, cerca de 100 comentários negativos e homofóbicos foram recebidos e acenderam um alerta na Bayer: era preciso se posicionar, comunicar os funcionários e seguidores, bem como oferecer acolhimento ao influenciador.

"O vídeo tem sinergia com a cultura que temos na Bayer ao priorizar uma comunicação clara, leve, engajada e valorizando a diversidade. Assim, a escolha do Vitor foi natural, sendo que ele já fez outros trabalhos com a gente e continuará fazendo", diz Malu Weber, diretora de comunicação da Bayer.

Para André Kraide, vice-presidente de recursos humanos da Bayer, o próprio tema de jornada de trabalho deve levar a diversidade em consideração. "As pessoas têm estilos e trabalhos diferentes dentro da companhia. Temos uma forte jornada de inclusão considerando quem elas são e a melhor forma de tê-las aqui".

Posicionamento

Para fora, rapidamente a Bayer se posicionou e começou a responder comentários na publicação com a seguinte mensagem: "Inclusão e diversidade são valores inegociáveis para Bayer e permeiam todos as nossas estratégias e cultura. Respeitamos as opiniões diversas, mas não vamos aceitar preconceito, e, portanto, qualquer comentário que fira as políticas de uso da plataforma será apagado".

O contato com o influenciador também foi essencial. "Fomos nós quem o avisamos sobre os primeiros comentários, nos mantivemos em contato o tempo todo e oferecemos todo o suporte necessário", diz Kleber Carvalho, líder de diversidade e inclusão na Bayer. Com isto, logo outras pessoas começaram a se posicionar, desta vez, de modo positivo -- até o fechamento desta edição, 95% dos mais de 5.000 comentários defendiam a companhia e o influenciador.

"A Bayer me deu muita liberdade pra cocriar todas as peças da campanha. Quando os comentários apareceram, rapidamente a equipe apagou o que havia de homofóbico e escreveu que eles jamais aceitariam preconceito ali. Isso foi muito importante pra mim porque já tive esse mesmo problema com outras marcas antes, e foi a primeira vez que me senti acolhido e defendido dessa maneira”, afirma Vitor DiCasto.

Dentro da companhia, o momento também gerou a oportunidade de reforçar boas práticas com o auxílio do comitê de diversidade LGBTI+, que possui mais de 5.000 pessoas aliadas. "Comunicamos o posicionamento aos líderes, que repassaram a mensagem aos times e recebemos o apoio de outros grupos de diversidade da companhia, como o de pessoas negras", diz Weber.

Segundo ela, estar preparado e manter a comunicação assertiva é essencial. "Já sofremos ataques quando divulgamos o trainee exclusivo para pessoas negras e é importante não voltar atrás. Diversidade, inclusão e respeito são inegociáveis".

Ainda de acordo com os executivos, não é possível mapear de onde são as pessoas que realizaram ataques, e nem qual a relação delas com a empresa. Mas, ações contínuas são tomadas para evitar que isso aconteça. "Trabalhamos o tema da inclusão na cadeia de valor, temos mentoria para fornecedores e buscamos mostrar que não existe um padrão de pessoas no setor do agronegócio, farmacêutico ou mais. Todos são bem-vindos", afirma Carvalho.

Os executivos destacam ainda que, simultaneamente, os processos seletivos levam mais em conta a diversidade, como quando metade dos 200 estagiários do último processo são negros e mulheres, ou quando a liderança passa ser ensinada sobre comportamentos e termos corretos.

"Neste momento, estamos em uma reunião de liderança que avalia como estruturar ainda mais as práticas ESG, envolver os líderes, e potencializar ações nos fornecedores", diz Weber.

 

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