Basf, Natura, Henkel e Braskem criam “bitcoin” da reciclagem
Empresas pretendem usar a tecnologia de blockchain para criar um mercado de reciclagem em que todos os elos da cadeia sejam devidamente remunerados
Rodrigo Caetano
Publicado em 24 de março de 2021 às 14h34.
Última atualização em 13 de abril de 2021 às 17h29.
A Fundação Espaço Eco, instituição criada e mantida pela Basf , está coordenando um projeto que busca criar uma moeda digital para materiais de reciclagem . Batizada de reciChain, a iniciativa conta com a participação de Natura, Henkel, Braskem, entre outras empresas, principalmente do setor químico.
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Segundo Rafael Viñas, gerente de operações da fundação, a iniciativa surgiu dentro da Basf. “Há um edital interno para fomento de negócios de impacto”, explicou Viñas, que foi o convidado desta semana do podcast ESG de A a Z, produzido pela EXAME. “Mas, entendemos que, para ter massa crítica, era necessário criar um consórcio de empresas.”
Com a tecnologia de blockchain, o consórcio criará tokens cuja finalidade é atestar a veracidade das informações, como a qualidade e as condições de origem dos materiais, e garantir que embalagens e outros produtos recicláveis não foram para em aterros ou lixões. As empresas participantes ou têm obrigações legais de fazer essa logística reversa, ou fizeram compromissos públicos de reduzir o descarte, como no caso da Natura.
Esses tokens servirão, também, para remunerar toda a cadeia de reciclagem. “O que nós estamos fazendo é estruturar a cadeia do pós-consumo”, afirma Viñas. “Vai funcionar como um negócio de impacto. Resolve um problema, mas também gera negócios. O token, ou essa moeda virtual, poderá circular entre os investidores.”
Uma parte importante da estruturação dessa cadeia é a formalização dos catadores e carroceiros, a ponta mais frágil da cadeia. A plataforma de blockchain irá conectar a empresa à rede de profissionais informais da reciclagem, permitindo que esse trabalho seja certificado para fins legais, ou forneça um volume consistente de matérias-primas para determinadas indústrias. Com isso, será possível remunerar adequadamente toda a cadeia, inclusive catadores e carroceiros.
Os primeiros testes com usuários da plataforma começaram a ser realizados neste mês. Até o meio do ano, a expectativa é lançar o MVP (mínimo produto viável, a primeira versão do sistema) da plataforma e abrir para o mercado no segundo semestre. O principal parceiro do projeto é o Instituto Recicleiros, organização sem fins lucrativos responsável pelo programa Cidade+, que oferece suporte técnico para as prefeituras regulamentarem a coleta seletiva. Além das empresas citadas, fazem parte do consórcio a Bomix, de embalagens; a Triciclos, do setor de resíduos; e a Wise, recicladora de plásticos.