Colaboradores da CPFL fazem manutenção de transformadores da companhia: todos os meses, cerca de 1.500 unidades precisam ser substituídas (CPFL Soluções/Divulgação)
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Publicado em 23 de agosto de 2021 às 09h04.
Todo mundo já viu um transformador de distribuição. É aquele equipamento com cerca de 1,20 metro por 80 centímetros que é pendurado nos postes de energia. “De uma forma simplista, trata-se de uma caixa de aço com óleo mineral ou vegetal, seis bobinas de cobre ou alumínio e seis terminais de porcelana; ou seja, todos os materiais com alto potencial de reúso se aplicadas as ações adequadas, evitando desperdício e ajudando o meio ambiente e a sociedade”, explica Eduardo dos Santos Soares, diretor-presidente da CPFL Serviços, um dos braços da CPFL Soluções e da CPFL Energia.
Com vida útil de 20 anos, em média, é um equipamento fundamental para a distribuição de eletricidade. Todos os meses, porém, cerca de 1.500 unidades precisam ser substituídas — obsolescência, danos causados por raios ou mesmo por sobrecargas no sistema são as causas de 90% das trocas.
“Quando não se tem um processo adequado de destinação desses materiais, o impacto desses equipamentos no meio ambiente pode ser enorme”, acrescenta Soares.
É por isso que o grupo, fundado em 1912 e responsável por 15% da distribuição de energia elétrica do país, resolveu apostar na logística reversa e na reforma de seus transformadores.
“Temos trabalhado fortemente nesse projeto a mais de dez anos e hoje temos a serenidade em dizer que temos um processo certificado, ISO e Inmetro, e destinação adequada de todos os materiais”, informa Soares.
Mais de 50% das unidades com problemas são reformadas e voltam à ativa — nesse processo, até o óleo mineral é reaproveitado por completo. E a logística reversa permite dar um destino sustentável ao percentual restante.
Em 2020, foram reformados 9.807 transformadores, o que se traduziu em 939 toneladas de materiais reaproveitados e uma receita bruta de 32,4 milhões de reais. A iniciativa gera 128 empregos diretos. “Temos planos de atender outras distribuidoras”, revela Soares, acrescentando que o setor em conjunto descarta, mensalmente, milhares de equipamentos do tipo.
Já na logística reversa a meta é chegar, a cada ano, a 8.000 toneladas de materiais reciclados, incluindo a unidade que atende a RGE, distribuidora do grupo localizada no Rio Grande do Sul, que aderiu à prática em outubro de 2020.
A iniciativa no estado gaúcho criou 43 empregos diretos e deverá se converter em 2.000 toneladas de materiais reciclados por ano e 15 milhões de reais de receita bruta anual.
Isso tudo está alinhado ao plano de sustentabilidade da CPFL Energia para o ciclo de 2020 a 2024, que prevê 1,8 bilhão de reais em investimentos. “Temos ações em prol do meio ambiente, do social e da governança muito antes do ESG ganhar força”, destaca Soares.
Uma das 15 metas do plano de sustentabilidade é reformar pelo menos 40.000 equipamentos, entre transformadores, reguladores de tensão e religadores, até 2024. É o prazo máximo que o grupo se impôs para cumprir outro objetivo: destinar 100% dos principais componentes de sua rede para reciclagem ou para sistemas de cadeia reversa.
Investir 200 milhões de reais em ações de eficiência energética em hospitais públicos até 2022 é outra das metas traçadas. Registre-se que 98,9% da energia gerada pela CPFL em 2020 veio de fontes renováveis. No mesmo período, a empresa reduziu em 23,7% as emissões diretas e indiretas de gases causadores de efeito estufa.
O executivo explica que a aposta do grupo no ESG, sigla em inglês que resume boas práticas ambientais, sociais e de governança, ganhou força de cinco anos para cá.
“Para garantir respeito dentro e fora do Brasil a adoção de políticas ESG é indiscutivelmente necessária”, sustenta. “É uma questão importante tanto para os nossos clientes como para os investidores e para os nossos funcionários. Não tenho dúvida de que a postura adequada em relação ao meio ambiente e à sociedade ajuda a atrair e reter talentos”.