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Apesar de Trump e da covid, EUA avança na agenda ambiental

Estados como a Califórnia, o mais populoso do país, lideram a transição para a economia de baixo carbono. Líderes ambientais se reúnem hoje em conferência

O presidente americano, Donald Trump: apesar da saída dos EUA do Acordo de Paris, apenas 1 em cada 10 americanos afirma que o aquecimento global não existe (Carlos Barria/Reuters)

O presidente americano, Donald Trump: apesar da saída dos EUA do Acordo de Paris, apenas 1 em cada 10 americanos afirma que o aquecimento global não existe (Carlos Barria/Reuters)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 10h22.

Última atualização em 6 de agosto de 2020 às 11h05.

Quando o presidente Donald Trump anunciou a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, cumprindo uma promessa de campanha que muitos acreditavam ser apenas retórica, a comunidade científica entrou em choque. Mais de 10.000 cientistas assinaram uma carta pública alertando para uma “emergência climática global” a partir da atitude de Trump. Afinal, o país é a maior economia do mundo e o segundo maior emissor de carbono, atrás da China. 

Passados quase 10 meses da decisão, e com uma pandemia global nesse meio tempo, a agenda ambiental segue avançando em terras americanas, ainda que num ritmo mais lento em comparação à Europa, por exemplo, e com bem menos influência global. 

Nesta quinta-feira, tem início a conferência American Climate Leadership Summit (ACLS), evento anual que reconhece esforços locais e individuais relacionados ao combate às mudanças climáticas, distribuindo mais de 150 mil dólares em premiações. O fórum irá discutir a transição para uma economia de baixo carbono, como apregoa o Acordo de Paris, e os caminhos políticos para avançar com essa agenda no congresso americano. 

Por causa da pandemia, o evento, que tradicionalmente é realizado em maio, foi adiado. O formato presencial também mudou para o online. No ano passado, a conferência reuniu mais de 500 líderes acadêmicos e ambientalistas. O encontro produziu um documento com recomendações para a adoção de tecnologias de baixo carbono e diretrizes para a implementação de políticas climáticas e critérios financeiros ambientais. 

As características federativas dos Estados Unidos ajudam a minimizar os efeitos do negacionismo climático do atual governo. Estados como a Califórnia, cujo PIB é maior do que o do Brasil, lideram as ações no campo climático. Em junho, uma nova lei estadual determinou que, até 2035, metade dos caminhões vendidos na Califórnia terão de ser de zero emissão. A legislação foi aprovada, apesar de forte oposição das indústria caminhoneira. 

Uma pesquisa nacional, realizada neste ano, também aponta que a opinião dos americanos em relação às mudanças climáticas não mudou. O estudo, realizado por pesquisadores das universidade de Yale e George Mason, mostra que 73% dos entrevistados acreditam nas mudanças climáticas e se preocupam com isso, a mesma proporção registrada antes da eleição de Trump. O porcentual de pessoas que estão totalmente ou muito certas dos efeitos do aquecimento global, na realidade, atingiu seu maior patamar, na casa dos 60%. 

Apenas 1 em cada 10 americanos afirma que o aquecimento global não existe. A questão é que um deles, atualmente, reside na Casa Branca.

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