Aneel: o que são as agências reguladoras e como funcionam
Objetivo dessas instituições é garantir a estabilidade e a autonomia na regulação de setores econômicos
Publicado em 22 de outubro de 2024 às 09h30.
Última atualização em 22 de outubro de 2024 às 11h19.
Agências reguladoras são instituições criadas para regular e fiscalizar atividades específicas de forma independente e técnica. Elas possuem autonomia administrativa, decisória e financeira, permitindo atuar de maneira eficiente e imparcial.
Presentes há mais de um século em diversos países (nos EUA, desde 1887), essas entidades são fundamentais para a estabilidade econômica de nações democráticas. No Brasil, as agências reguladoras surgiram na década de 1990, impulsionadas pela Constituição de 1988, com o objetivo de atrair investimentos privados e promover competição e dinamismo na economia.
Para atingir esses objetivos, as agências foram concebidas como entes de Estado, e não de governo, assegurando sua autonomia em diversas esferas, incluindo a técnica e orçamentária.
Como funcionam?
A autonomia administrativa e política dessas instituições advém da desvinculação política dos diretores, que, embora indicados pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado, têm mandatos não coincidentes, permitindo maior pluralidade de indicações. A perda de mandato ocorre somente em situações extremas, como condenação judicial definitiva, evitando que mudanças de governo afetem a atuação das agências.
A independência técnica é garantida por um corpo técnico altamente qualificado, mas a insuficiência de pessoal tem sido um ponto de debate frequente entre servidores e gestores. A autonomia decisória implica que as decisões das agências não podem ser revisadas hierarquicamente pelo governo, assegurando que interesses políticos não interfiram nas suas ações. No entanto, a Lei das Agências Reguladoras (Lei 13.848/2019) define mecanismos de controle externo exercidos pelo Congresso Nacional, com apoio do Tribunal de Contas da União (TCU).
De onde vem a independência financeira?
Para manter a independência financeira, as agências reguladoras têm receitas específicas definidas por lei. No caso da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por exemplo, a principal fonte de receita é a Taxa de Fiscalização dos Serviços de Energia Elétrica (TFSEE), paga por todos os agentes do setor elétrico. Contudo, apenas uma fração do valor arrecadado é repassada à Aneel, e cortes orçamentários frequentes têm gerado críticas e preocupações quanto à sua capacidade de operação.
Portanto, as agências reguladoras se sustentam em pilares de autonomia administrativa, técnica, política e financeira. Essa estrutura é essencial para garantir a estabilidade e o dinamismo nos setores econômicos regulados, permitindo um ambiente propício para investimentos e competitividade.
A autonomia e independência das agências são fundamentais para o equilíbrio do setor econômico brasileiro.