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Amazônia concentra mais da metade do carbono orgânico armazenado no solo brasileiro

Estudo inédito do MapBiomas mapeia gigantesco reservatório de carbono que ajuda a combater mudanças climáticas e melhora produtividade agrícola

Solo amazônico detém mais da metade do carbono do país (52%), mas Mata Atlântica supera em densidade de armazenamento por hectare (Leandro Fonseca/Exame)

Solo amazônico detém mais da metade do carbono do país (52%), mas Mata Atlântica supera em densidade de armazenamento por hectare (Leandro Fonseca/Exame)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 12h00.

Última atualização em 8 de dezembro de 2025 às 14h17.

O Brasil armazena 37,5 gigatoneladas de carbono orgânico na camada superficial do solo, com uma média de 44,1 toneladas por hectare. Deste total, mais da metade (52%) está concentrada na Amazônia.

É o que revela o novo relatório do MapBiomas ao analisar o estoque de carbono de 1985 a 2024 em todo território nacional. Os dados oferecem um panorama sobre a composição dos solos e sua relação com o uso da terra, ajudando na formulação de políticas públicas para proteção ambiental.

Na prática, a descoberta se trata de um gigantesco reservatório natural que retira CO₂ da atmosfera e ajuda a combater as mudanças climáticas.

O solo armazena aproximadamente quatro vezes mais carbono que toda a vegetação do planeta e três vezes mais que a própria atmosfera. Quando bem manejado e preservado, é capaz de estocar por décadas ou séculos. Por outro lado, quando degradado por desmatamento ou práticas agrícolas inadequadas, libera esse carbono como CO₂, agravando o efeito estufa.

Além disso, o carbono orgânico no solo é fundamental para a produtividade agrícola, pois melhora a retenção de água e nutrientes, reduz a erosão e aumenta a fertilidade natural.

Enquanto solos argilosos, muito argilosos e siltosos possuem os maiores estoques, frequentemente acima de 50 t/ha em todos os biomas, os arenosos têm estoque médio de 32 t/ha.

"No Brasil, a distribuição é marcadamente heterogênea, refletindo a diversidade climática, hidrológica, geológica e ecológica do território", destaca Alessandro Samuel-Rosa, coordenador do MapBiomas Solo. "Essa heterogeneidade reforça a importância de compreender cada bioma em sua totalidade, considerando tanto o que ocorre acima quanto abaixo da superfície", acrescentou.

Mata Atlântica lidera em densidade

Embora a Amazônia concentre o maior volume total de carbono armazenado, a Mata Atlântica supera a média nacional em densidade de armazenamento, com 53,4 toneladas por hectare.

O bioma se beneficia de regiões de clima mais frio, como campos de altitude e florestas de araucária, e áreas úmidas, como restingas e mangues, que favorecem o acúmulo de carbono.

"O solo é um arquivo do tempo: nele se acumulam sinais de clima, vegetação e relevo que moldaram o território ao longo da história", explica Alessandro.

"A distribuição do carbono orgânico é um exemplo disso. Compreender esses padrões é olhar para o país também pelo que se conserva abaixo da superfície", destacou.

A Amazônia aparece em segundo lugar, com 46,3 t/ha, seguida pelo Pampa, com 43,7 t/ha.

Os dados revelam que 35,9% do solo brasileiro estoca entre 40 e 50 toneladas de carbono por hectare.

Na Mata Atlântica, predominam solos com teores de argila superiores a 60%, o que confere maior capacidade de armazenamento de água e retenção de nutrientes, além de permitir que o carbono orgânico permaneça estocado por longos períodos.

Cerrado, Caatinga e Pantanal concentram áreas com teores de areia acima de 60%, onde a capacidade de retenção é menor e a infiltração de água ocorre de forma mais rápida.

"Esses mapas das propriedades dos solos brasileiros, como carbono, textura e pedregosidade, permitem avanços nas análises voltadas aos usos agrícolas e urbanos do solo", ressaltou Taciara Zborowski Horst, que também coordena a iniciativa.

Uso da terra segue características do solo

A análise evidencia padrões claros de ocupação. Entre 1985 e 2024, a pastagem se expandiu principalmente sobre solos de textura média e arenosa, perdendo área nas regiões muito argilosas, que foram majoritariamente ocupadas pela agricultura.

A agricultura também cresceu preferencialmente sobre áreas com baixa pedregosidade nos primeiros 90 cm, enquanto a silvicultura teve expansão mais expressiva em locais onde a pedregosidade aparece nas camadas superficiais.

Os dados mostram que 9% do território brasileiro (77 milhões de hectares) possui solo com mais de 50% de seu volume ocupado por pedregosidade dominante nos primeiros 100 cm. Na Caatinga, em particular, o solo se torna progressivamente mais pedregoso a profundidades entre 10 e 50 cm.

Para os pesquisadores, o repositório de dados é um recurso único para localizar rapidamente dados de referência, verificar lacunas de monitoramento e comparar resultados de diferentes regiões brasileiras.

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