Alumínio das cápsulas da Nespresso será reaproveitado nas embalagens da Natura Ekos

A Nespresso, companhia de cápsulas, máquinas e cafés, acaba de firmar uma parceria com a Natura. As companhias contaram em exclusividade à EXAME que as bisnagas dos cremes hidratantes para mão da linha Ekos Castanha – entre as mais vendidas da fabricante de cosméticos --passam a utilizar o alumínio reciclado das cápsulas de Nespresso.

O produto chega nas prateleiras da Natura em 28 de outubro, data que celebra o Dia Nacional da Reciclagem de Alumínio. A partir da colaboração entre as marcas, mais de duas toneladas de cápsulas ao ano poderão ser reaproveitadas.

De acordo com Mariana Marcussi, diretora de marketing de marca, comunicação e sustentabilidade da Nespresso, a estratégia surgiu quando um engenheiro de embalagens da Natura buscava novas possibilidades paraligas de alumínio mais recicláveis.

Meses depois, durante a Semana de Inovação da Natura, que contou com a participação de executivos da Nestlé -- da qual Nespresso faz parte --, o tópico surgiu novamente, e as marcas usaram a oportunidade para implementar a ação.

“A partir desse momento, um time multifuncional de Natura e Nespresso uniu esforços, realizando diversos estudos e testes ao longo de um ano para transformar uma ideia poderosa de circularidade em realidade”, conta Marcussi.

Economia circular na cadeia do alumínio

A diretora complementa que a iniciativa complementa a estratégia de reciclagem e economia circular das cápsulas da companhia. Isso porque o produto já é feito atualmente com 80% de alumínio reciclado. Além disso,a Nespresso já conta com 400 pontos de coleta das cápsulas espalhados pelo Brasil, além da entrega nas “Boutiques Nespresso”.

Segundo Tatiana Ponce, Chief Marketing Officer da Natura, a pesquisa e desenvolvimento de embalagens sustentáveis é parte da solução para expandir a circularidade da linha Ekos – área baseada no uso de ingredientes da biodiversidade amazônica e no compromisso da economia da floresta em pé. “Decidimos não somente produzi-las com alumínio 100% reciclado, como também enxergamos a possibilidade de ampliar essa cadeia circular para outro setor, com uma parceria com a Nespresso”, conta.

Ao todo, 10% do alumínio utilizado nas embalagens terá como base as cápsulas da Nespresso, enquantoo restante provém de outras fontes recicladas. De acordo com Ponce, a parceria também integra aVisão 2030 da Natura, plano da companhia para gerar a sustentabilidade socioambiental. Como metas, a empresa busca ter todas as suas embalagens recicláveis, reutilizáveis ou compostáveis até o fim da década. A taxa atual de é 86%.

Logística reversa

Além da estratégia de produção mais sustentável, a parceria ainda inclui uma ação de logística reversa: 34 lojas da Nespresso de todo o Brasil, que já são pontos de coleta e destinação para as cápsulas de café, passam também a coletar os produtos Natura Ekos que utilizem as embalagens de alumínio.

De acordo com Marcussi, a Nespresso avalia expandir a ação para todos os seus 400 pontos de coleta durante o primeiro semestre de 2025. A iniciativa, segundo a executiva, atua a partir da conscientização do público consumidor sobre a urgência do problema do lixo. “Acreditamos que a reciclagem é um esforço coletivo e que, juntos, somos capazes de mudar o mundo para melhor”, disse.

Para a Natura, a estratégia amplia seu trabalho na logística reversa, já consolidada, para outros setores da indústria.As embalagens já podem ser coletadas nas lojas próprias e franquias da empresa, que somam mais de 680 pontos em todo o Brasil. “Com essa iniciativa, que conta com 9 cooperativas de reciclagem parceiras,já recuperamos cerca de 14.900 toneladas de embalagens pós-consumo”, explica Ponce.

O programa de circularidade e logística reversa da companhia, chamado Natura Elos, recebeu investimentos deR$ 803 milno último ano para melhorar as condições de trabalho e infraestrutura nas 64 cooperativas parceiras da marca.

As especialistas contaram também que a colaboração permite alavancar mudanças no cenário de sustentabilidade e regeneração dos recursos.

“É essencial reconhecermos a importância do esforço coletivo no setor privado para pensar em soluções urgentes, visando mudanças efetivas e em larga escala – e para isso são necessárias práticas regenerativas e sustentáveis”, explica Ponce.

Do lado da companhia de cafés, a união é uma forma de alcançar resultados ambientais, benéficos para os dois negócios envolvidos, com mais assertividade. “As ações de uma única empresa podem ter um alcance limitado, mas quando atuam juntas, os resultados podem ser significativamente ampliados”, conta. “Há ainda o benefício do aprendizado mútuo, com companhias compartilhando melhores práticas e inovações em sustentabilidade.”

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