A executiva que comanda R$ 300 bilhões em previdência privada no país
Ângela Beatriz de Assis assumiu em novembro a presidência da Brasilprev e dá a sua visão para o efeito do aumento dos juros no segmento de previdência
Bloomberg
Publicado em 2 de abril de 2021 às 08h00.
A taxa de juros historicamente baixa e as regras mais duras de aposentadoria no Brasil permitem que a Brasilprev amplie a captação de recursos mesmo com a volatilidade causada pela pandemia, diz Ângela Beatriz de Assis, primeira mulher presidente da empresa.
Sob o comando de Ângela desde novembro passado, a Brasilprev viu sua base crescer para 2,31 milhões de clientes em janeiro deste ano, 7,5% a mais do que no mesmo período do ano passado, enquanto os recursos administrados subiram 7%, para 312 bilhões de reais.
Para este ano, ela estima aumento entre 4% e 7% nas reservas de previdência. A companhia, que tem o Banco do Brasil (BBAS3)e a americana Principalcomo acionistas, possui 30% de participação no mercado de previdência privada , com mais de 300 bilhões em ativos sob gestão, segundo seu site. É a maior instituição do setor no país.
Ângela afirma que a volatilidade causada pela pandemia deve continuar e uma estabilização do mercado só virá com o avanço da vacinação.
Entretanto diz que a turbulência recente não mudou a tendência de busca pela aposentadoria privada, ampliada desde a aprovação da reforma da Previdência, em 2019, e o processo de queda dos juros no país.
Apesar de o Banco Central ter surpreendido com a elevação da Selic de 2% para 2,75% ao ano na reunião há duas semanas, historicamente a taxa ainda é “bastante baixa”.
“A recente elevação da taxa Selic não altera a nossa percepção sobre o crescimento da previdência privada”, afirma Ângela. “A queda do juro tem um papel muito relevante. O brasileiro estava muito acostumado a ter rentabilidade de dois dígitos com renda fixa”, diz a executiva, que atuou durante 28 anos no BB.
A presidente da Brasilprev diz que a estratégia de crescimento da empresa passa ainda pela educação financeira dos clientes, de maneira que os poupadores não saiam dos fundos em momentos de maior turbulência.