Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Patricia Monteiro/Getty Images)
Em evento realizado pela Esfera Brasil no início de fevereiro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, traçou um panorama da inflação brasileira – que deve, segundo ele, atingir o ápice entre os meses de abril e maio deste ano. Ele ainda avisou: o próximo governo terá de lidar com a questão fiscal.
Segundo o chefe do BC, o atual ciclo inflacionário foi causado, sobretudo, pela alta do petróleo e acompanhou a subida dos preços em âmbito global. "Nos ciclos anteriores, vivemos um quadro inflacionário destacado do restante do mundo, o que não ocorre agora. Além da curva dos Estados Unidos, tivemos surpresas, como a alta no Chile", comparou.
Com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o preço do barril de petróleo, as situações das economias mundial e nacional, houve um novo choque de realidade.
Apenas neste ano, o mercado já aumentou nove vezes consecutivas a previsão da inflação, sendo que recentemente a estimativa divulgada foi a de que o Brasil feche 2022 com a inflação chegando a 6,45%. Há pouco tempo, a previsão era de 5,5%.
Neto falou do compromisso do BC com a regulamentação do crédito de carbono, que deverá ocorrer por compensação. Ainda na área de sustentabilidade, alertou para o custo da transição para a economia verde. "Somos a favor, mas é preciso prestar atenção nos custos decorrentes da mudança".
O presidente do BC afirmou ainda que o próximo governo, "seja de direita, centro ou esquerda", terá de lidar com a questão fiscal: "Ele precisará de uma sensibilidade quanto ao que está acontecendo com as classes mais baixas, que foi acentuado pela pandemia. Vai ser preciso ter uma visão muito especial nisso.", e completou: “O que resolve todos os problemas é uma fórmula de crescimento. Não tem mágica”.