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Paris é uma das melhores cidades do mundo para se viver, aponta ranking

Segundo a consultoria Resonance, a capital francesa só perde para Londres; o levantamento elenca as 100 melhores cidades a partir de 24 critérios

Entre as vantagens de Paris estão as mudanças urbanísticas em andamento e o incentivo ao uso de bicicletas em detrimento aos carros. (Alexander Spatari/Getty Images)

Entre as vantagens de Paris estão as mudanças urbanísticas em andamento e o incentivo ao uso de bicicletas em detrimento aos carros. (Alexander Spatari/Getty Images)

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Publicado em 28 de setembro de 2023 às 06h00.

Paris é uma das melhores cidades do mundo para se viver, de acordo com o relatório anual World's Best Cities 2023, da Resonance Consultancy. A capital francesa é palco do I Fórum Esfera Internacional, da Esfera Brasil, que acontece entre os dias 12 e 14 de outubro. No ranking global, ela só fica atrás de Londres. Está à frente de cidades como Amsterdã e Nova York.

O levantamento reúne 24 critérios agrupados em seis categorias: lugar, produto, pessoas, programação, prosperidade e promoção. Entre os fatores que são levados em conta estão segurança, cultura, gastronomia, atrações turísticas, museus, atividades ao ar livre, vida noturna, universidades, clima, diversidade, conectividade do aeroporto, quantidade de empresas globais presentes no território, renda per capita, taxa de desemprego, entre outros.

A lista quantifica e avalia a qualidade do lugar, a reputação e a identidade competitiva das principais cidades do mundo com populações metropolitanas de mais de um milhão de habitantes.

"A classificação World's Best Cities avalia o desempenho geral de mais de 250 cidades do mundo com base em uma ampla variedade de medidas para identificar os 100 melhores lugares para morar, visitar e investir", revelou o CEO da Resonance, Chris Fair, no relatório.

Neste ano, o ranking com as melhores cidades para se viver ficou assim:

  1. Londres, Inglaterra;
  2. Paris, França;
  3. Nova York, Estados Unidos;
  4. Tóquio, Japão;
  5. Dubai, Emirados Árabes Unidos;
  6. Barcelona, Espanha;
  7. Roma, Itália;
  8. Madri, Espanha;
  9. Singapura;
  10. Amsterdã, Holanda.

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Paris

De acordo com o relatório, mesmo com a pandemia de Covid-19, Paris teve grandes mudanças urbanas. Destaque para o uso de bicicletas e transporte coletivo, a criação de mais ciclovias até 2026 e o desincentivo ao uso de carros, com proibições de estacionamento e privilégio aos pedestres na Cidade Luz. O levantamento também ressaltou o fato de a capital francesa reunir cerca de 100 museus.

O turismo voltou com força ao país. Segundo estimativas do governo francês, os turistas gastaram 10% a mais do que no verão de 2019, que já havia sido recorde. O ranking também ressalta que Paris está mais acessível, com a prática de piqueniques como alternativa aos restaurantes caros. As compras são outro ponto forte da cidade.

A cidade será sede dos Jogos Olímpicos 2024 e se prepara para que os atletas possam nadar no Sena. Hoje, o rio tem mais de 30 espécies diferentes de peixe e está passando por um processo de despoluição. O evento esportivo também movimenta a rede hoteleira, e algumas atrações turísticas francesas passam por renovação para o ano que vem.

Liberdade de ir e vir

A empresária Rosana Corrêa Pasquet é brasileira, tem 64 anos e mora em Paris. A história dela com a França começou ainda na adolescência, quando fazia ballet clássico e visitou Cannes, no sul do país. Poucos anos depois, fez Aliança Francesa e voltou a morar na França como estudante da Sorbonne Université, onde se formou em Língua e Civilização Francesa e Literatura.

“Naquela época, Sorbonne era o máximo. Era como ir a Roma e ver o papa. Foi uma época especial. Eu estudava os clássicos e guardei tudo. Hoje, vejo com orgulho minhas dissertações”, conta.

No primeiro casamento, morou na França e, no segundo, se casou com um francês. “Estou aqui porque sou casada com um francês, mas essa liberdade e a qualidade de vida são os diferenciais. Andamos na rua sem medo. Aqui não tem carro blindado. Me arrumo, pego Uber sozinha à noite e não tenho problema algum. É saber que posso ir e vir”, destaca a empresária.

Em Paris, vendeu imóveis para brasileiros, trabalhou em uma joalheria e coordenou cursos sobre o mercado de luxo, ateliês e casas de moda. Agora, tem uma agência de turismo para brasileiros, que é especializada em França. A sócia mora no Brasil, mas ela fica na capital francesa.

“A França é campeã no mercado de luxo. É onde está a moda, a perfumaria, as joias, a gastronomia. É uma cidade que tem algo especial. A vida profissional é ótima. Vivemos em uma das maiores economias mundiais. Aqui, a jornada de trabalho é de 35 horas semanais. O francês dá conta do recado”, afirma a empresária.

Além da educação, ciência e cultura, com os museus e galerias de arte, como vantagens francesas, ela cita o bom funcionamento do sistema de saúde, que atende a todos, a qualidade de vida e os auxílios governamentais. Entre os benefícios estão ajuda para quem tem mais de um filho e para microempresários, na pandemia.

Mas também há problemas, como os altos preços de produtos, de aluguel e imóveis, além da pesada carga tributária. “O salário mínimo bruto é de € 1.747,20 e, aqui, o preço do metro quadrado é € 11.000. Mesmo para o francês é caro. Há aluguel de € 800 num sótão. Para o estrangeiro, os valores são muito altos. Os impostos são altos porque temos que bancar todo o custo da qualidade de vida na França”, explica.

Outros inconvenientes foram citados, como a complexidade da burocracia, as constantes greves e protestos e a falta de facilidades, como o Pix. Um dos temores é também a ameaça de terrorismo. A intensa imigração é por ela apontada como um dos desafios a ser enfrentado pelo governo francês.

Segundo Rosana, ela nunca sentiu preconceito por ser brasileira. No entanto, ela tem o domínio da língua e vive há muitos anos em Paris.

Sonho

As universidades fazem parte dos atrativos franceses. A professora de Línguas Luana Figueiredo deixou recentemente o Brasil em nome de um sonho: fazer o mestrado em Linguística na Sorbonne Université, onde deve ficar por dois anos. “Sempre foi um sonho ir para fora. Sinto uma conexão com a França. Estudei a língua e planejei vir há um tempo, também financeiramente. Estou amando e vivendo essa novidade”, conta.

Ela afirma que o processo de candidatura à vaga é extenso e passa por provas de proficiência em inglês e francês, além da entrega de um dossiê com a documentação exigida. A espera pode demorar de seis meses a um ano.

“Foi cansativo o processo. A França é um país muito burocrático, e eles se perdem na organização. Fui contemplada com uma bolsa de estudos. Me preparei muito, mas não sabia se ia ganhar. É uma bolsa de excelência acadêmica, e concorri com candidatos do mundo todo”, lembra.

Para estudar, a brasileira paga uma taxa anual de € 243, assim como os franceses. Já os estrangeiros pagam quase € 4.000 ao ano. Para se manter, dá aulas de francês e inglês de forma remota. Um dos maiores gastos é com o aluguel.

“O custo de vida é muito alto para quem mora em Paris. Moro no centro, perto da Praça da Bastilha. É caro e difícil encontrar lugares bons. Em geral, é muito pequeno e antigo. No meu prédio, não tem elevador, mas estou perto de tudo. Os valores pagos não condizem com o imóvel. São € 1.000 por 30 m2”, relata.

Luana não poupa elogios à arte francesa: “Sempre tem coisa nova e diferente para fazer. Paris é sinônimo de arte. É inspirador sair na rua e dar de cara com monumentos. Estou encantada”.

A brasileira ressalta que o transporte público funciona bem e que se sente segura na cidade, apesar de não se arriscar muito.  Aos 26 anos, pretende aproveitar mais Paris e participar de eventos. “No Brasil, não saía muito por medo, questão de segurança mesmo. Venho do Rio. Aqui, fiquei chateada porque não saí no domingo. Estou me sentindo mais jovem.”

Acompanhe tudo sobre:Fórum Esfera Internacional 2023

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