Presidente argentino viaja para Conferência de Ação Política Conservadora, que será realizada nesta semana (Juan MABROMATA/AFP Photo)
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Publicado em 13 de novembro de 2024 às 09h00.
O presidente da Argentina, Javier Milei, deverá ser o primeiro líder internacional a encontrar Donald Trump após as eleições vencidas pelo empresário. A expectativa é que eles estejam lado a lado durante a Conferência de Ação Política Conservadora, que será realizada entre quinta-feira, 14, e sábado, 16, em Mar-a-Lago, na Flórida, onde o presidente eleito dos Estados Unidos tem uma mansão.
Na avaliação do coordenador do curso de Relações Internacionais do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Rodrigo Gallo, uma aproximação entre os líderes de direita pode trazer impactos na dinâmica política da América Latina, ainda que o baixo peso diplomático da Argentina em termos globais diminua o efeito real desse movimento.
“Ambos compartilham discursos anti-establishment e visões críticas das elites políticas tradicionais, o que poderia reforçar uma agenda comum de liberalismo econômico, redução do Estado e políticas migratórias mais rígidas. Além disso, uma aliança entre Trump e Milei poderia alterar o equilíbrio diplomático nas Américas, fortalecendo um eixo conservador e influenciando temas como as políticas de comércio, segurança e os relacionamentos com países da América Latina, especialmente no que diz respeito a relações com a China e, possivelmente, alianças mais distantes com outras potências econômicas”, ponderou.
Multilateralismo enfraquecido
Segundo o professor Roberto Mangabeira Unger, que participou de encontro promovido pela Esfera Brasil na segunda-feira, 11, a ascensão de Trump deve fazer com que os Estados Unidos olhem mais para si mesmos do que para o restante do planeta nos próximos anos, o que pode provocar um enfraquecimento do multilateralismo.
“O sistema das Nações Unidas vai desmoronar. A única maneira de organizar a governança global é garantir acessos cooperativos entre os Estados. Nossa vocação é ser autor e agente dessas coalizões de Estados”, analisou.
Mesmo com a garantia de que a trocas comerciais entre Brasil e Estados Unidos continuem a fluir dentro do arranjo institucional de uma relação moldada há dois séculos, a volta do “Make America Great Again” – slogan utilizado por Donald Trump e seus apoiadores – pode trazer preocupações ao governo brasileiro, principalmente em relação ao tratamento dado ao regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, e também no contato com a China, que ocupa atualmente o posto de principal parceiro comercial brasileiro e é um dos alvos da retórica belicosa do presidente eleito e sua entourage.