Comércio entre Brasil e Egito movimentou US$ 2,8 bilhões em 2023. (Costfoto/NurPhoto/Getty Images)
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Publicado em 15 de fevereiro de 2024 às 06h01.
Ainda que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indique que as prioridades deste ano passem por temas domésticos, como a atração de investimentos para o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e as eleições municipais, o líder brasileiro cumpre agenda internacional nesta semana em visita ao Egito e à Etiópia, dois países que recentemente passaram a integrar o Brics.
A chegada de Lula ao continente africano em sua primeira viagem neste segundo ano de mandato reforça a intenção de ampliar as relações com os países do continente. Como parte dessa estratégia, em novembro, foi anunciada a reabertura de embaixadas em Serra Leoa e Ruanda, além de um consulado em Angola.
No Egito, o presidente deverá tratar de negociações para ampliar o fluxo comercial entre os países, com enfoque no aumento das exportações de carne de aves e produtos agrícolas. Em 2023, as trocas comerciais entre as nações movimentaram o equivalente a US$ 2,8 bilhões, com superávit de US$ 1,83 bilhão para o lado brasileiro.
Na agenda está o encontro com o ditador Abdel Fattah al-Sisi, que desde 2014 governa o país. A retomada de uma rota direta entre São Paulo e Cairo, a ser operada pela EgyptAir, estará na pauta dos líderes. Também está prevista uma visita do presidente à sede da Liga Árabe – organização que reúne nações árabes –, na capital egípcia, onde deverá discursar.
No contexto da guerra entre Israel e Hamas, o corpo diplomático brasileiro destacou que o apoio do governo egípcio foi fundamental para a repatriação de 115 cidadãos brasileiros da Faixa de Gaza, pela fronteira de Rafah.
A previsão é que o presidente brasileiro chegue à Etiópia na sexta-feira (16). Na capital Adis Abeba, será recebido pela homóloga Sahle-Work Zewde e participará da assembleia da União Africana, organização com foco na integração entre os países do continente e que recentemente se tornou membro permanente do G20. No discurso aos líderes africanos, é esperado que Lula reforce a defesa pela reforma de instituições globais.
Recentemente, Lula tem cobrado mudanças no mecanismo de funcionamento da Organização das Nações Unidas (ONU) que contemplem uma participação mais efetiva dos países emergentes, principalmente no Conselho de Segurança. Segundo o presidente brasileiro, a estrutura atual é anacrônica, e não corresponde à importância geopolítica das nações.
Em 2023, Lula passou o equivalente a pouco mais de dois meses em viagens internacionais, incluindo passagem pelo continente africano, onde visitou África do Sul e Angola. Na tentativa de buscar um reposicionamento perante à comunidade internacional em relação principalmente a temas que envolvem o desenvolvimento sustentável, o presidente brasileiro participou de compromissos com líderes de países como Alemanha, França, Estados Unidos e China e dedicou tempo a reuniões com chefes de estado dos chamados ”países amazônicos”, em cúpula realizada em Belém, no Pará.