Economia

Wilbur Ross: América Latina não precisa decidir entre EUA e China

Wilbur Ross lembrou, no entanto, que os países da região têm superávits comerciais com os EUA, diferentemente do que ocorre com o país asiático

Ross: "Nunca pedimos a nenhuma nação que não faça comércio com outra, exceto nos casos nos quais impusemos sanções, como a Rússia" (Yuri Gripas/Reuters)

Ross: "Nunca pedimos a nenhuma nação que não faça comércio com outra, exceto nos casos nos quais impusemos sanções, como a Rússia" (Yuri Gripas/Reuters)

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EFE

Publicado em 13 de abril de 2018 às 22h07.

Os Estados Unidos não pretendem colocar a América Latina contra a parede e forçar a região a escolher entre fazer comércio com o país ou a China.

A afirmação é do secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, que concedeu entrevista à Agência Efe em Lima, onde está junto com a delegação americana que participa da Cúpula das Américas.

"Não estamos fazendo ninguém escolher entre EUA e China, não temos nenhum problema com quem quiser explorar as possibilidades com esse país. Nunca pedimos a nenhuma nação que não faça comércio com outra, exceto nos casos nos quais impusemos sanções, como a Rússia", afirmou o secretário de Comércio americano.

O governo dos EUA tinha antecipado que Ross enviaria uma mensagem na capital peruana e ela passa, apesar do discurso de liberdade do secretário, por uma advertência aos países do continente sobre os riscos da crescente influência econômica da China na região.

"A China compra basicamente matérias-primas e produtos agrícolas da América Latina, enquanto nós compramos produtos manufaturados. Há mais valor agregado nos produtos que a América Latina nos vende do que nos comercializados com a China. Portanto, acreditamos que fazer negócios conosco é melhor para a economia dos países latino-americanos", explicou o secretário.

Ross também lembrou que os países da região têm superávits comerciais com os EUA, diferentemente do que ocorre com a China.

Perguntado sobre a proposta exigir o estabelecimento de uma cota de importação para o aço do Brasil, Ross afirmou que os EUA querem garantir que não haja uma superprodução nos "países amigos".

"Há uma superprodução mundial tanto no aço como no alumínio e é preciso enfrentar isso porque isso está fazendo cair os preços, tanto os do Brasil como os nossos", afirmou o secretário.

Outro objetivo, segundo Ross, é evitar que os americanos importem muitos produtos subsidiados de outros países.

Sobre a renegociação do Tratado Transpacífico (TPP), Ross disse que gosta dos países que fazem parte do acordo, mas não do pacto.

Em seu primeiro dia na Casa Branca, o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou o país do TPP, cumprindo parte das promessas protecionistas de campanha. No entanto, o republicano sugeriu que pode voltar ao acordo se ele for renegociado.

"Queremos negociar com eles (...). O presidente Trump deixou claro que vai revistar o TPP, mas tudo dependerá das condições", afirmou o secretário de Comércio.

"O presidente sempre foi favorável a qualquer acordo que faça sentido para os EUA em termos econômicos", completou.

Por isso, Ross afirmou que a decisão não representa nenhuma mudança de postura de governo. E ressaltou que o acordo anterior, negociado pelo ex-presidente Barack Obama, não foi ratificado pelo Congresso. Tanto Trump como a democrata Hillary Clinton criticaram o pacto firmado por Obama ao longo da campanha eleitoral.

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