Economia

Interferência espanta investidores, diz Vinci Partners

Um exemplo de intervenção excessiva do governo nos projetos é a imposição de uma taxa de retorno máxima para os investimentos


	"A ação do investidor fica limitada, porque só com o BNDES os projetos se tornam possíveis. Essa atitude cria uma situação de dependência do BNDES", explica Cristina
 (Divulgação/BNDES)

"A ação do investidor fica limitada, porque só com o BNDES os projetos se tornam possíveis. Essa atitude cria uma situação de dependência do BNDES", explica Cristina (Divulgação/BNDES)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2013 às 22h19.

São Paulo - A intervenção do governo nos projetos de infraestrutura limita o número de investidores participantes das concessões previstas para este e os próximos anos, disse Cristiana Ferraz, que faz parte do time de gestão do fundo FDIC Vinci Crédito e Desenvolvimento 1, da Vinci Partners.

Durante evento na capital paulista nesta quarta-feira, Cristiana afirmou que o governo já criou uma percepção ruim para o investidor no processo de renovação das concessões do setor elétrico, a partir do final do ano passado. "Essa situação cria insegurança. Precisamos ter cuidado", disse.

Um exemplo de intervenção excessiva do governo nos projetos é a imposição de uma taxa de retorno máxima para os investimentos.

Para Cristiana, essa situação cria uma situação ambígua: ao mesmo tempo que tenta atrair o capital privado para o financiamento de projetos, o governo cria regras que só tornam os empreendimentos viáveis se houver envolvimento do BNDES.

"A ação do investidor fica limitada, porque só com o BNDES os projetos se tornam possíveis. Essa atitude cria uma situação de dependência do BNDES", explica.

Na sua opinião, os projetos têm de ser precificados pelo mercado. "Só vamos conseguir atrair capital interno ou externo se houver um equilíbrio entre risco e retorno ao investidor", disse. "A taxa de retorno limitada pelo governo é um exemplo de mecanismo artificial de controle não sustentável."


Novo fundo

O fundo FDIC Vinci Crédito e Desenvolvimento 1 tem R$ 1,2 bilhão de capital comprometido nos setores de saneamento e transporte e em dois estádios de futebol - um deles para a Copa do Mundo.

A maior parte desse dinheiro tem origem em fundos de pensão. Cristiana afirmou que a Vinci trabalha, atualmente, para a formação de um segundo fundo. Ela, no entanto, não deu detalhes de que estágio esse processo se encontra e o montante que a Vinci pretende captar. "Temos interesse em buscar um segundo fundo e aumentar mercado", contou.

Os alvos dos investimentos são projetos de infraestrutura.

"Temos apetite muito grande por todos os setores de infraestrutura", afirmou Cristiana, durante palestra. As baixas taxas de retorno, entretanto, são apontadas por ela como empecilho para investir no setor.

"Apesar do BNDES querer trazer o investidor para o negócio, a gente não tem taxa de retorno."

Sobre o segmento de portos, ela afirma que ainda há muitas dúvidas regulatórias. A MP 595, que trata do novo marco regulatório portuário, está em tramitação no Congresso e recebeu mais de 600 emendas.

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