Economia

Veto migratório de Trump afasta turistas e põe empregos em risco

Apesar das suspensões temporárias ao veto, viajantes de todo o mundo cancelaram viagens aos EUA por medo de serem barrados

Estátua da Liberdade com a bandeira americana ao fundo (foto/Thinkstock)

Estátua da Liberdade com a bandeira americana ao fundo (foto/Thinkstock)

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EFE

Publicado em 20 de março de 2017 às 10h21.

Washington - As até o momento frustradas ordens de veto do presidente Donald Trump contra refugiados e cidadãos de países de maioria muçulmana fizeram com que os turistas estrangeiros percebessem os Estados Unidos menos receptivos e podem representar um duro golpe a um setor que dá emprego a mais de 7,7 milhões de pessoas.

A empresa de consultoria Forward Keys informou este mês que, após o primeiro veto migratório, as reservas de turistas nos EUA caíram 6,5%, enquanto, com o anúncio da elaboração de uma outra proibição revisada para evitar a suspensão da justiça, a queda se repetiu, desta vez em 4%.

Esses vetos foram suspensos temporariamente pelos tribunais, o que não impediu os viajantes de todo o mundo fora das nações afetadas de cancelarem viagens aos EUA por medo de serem barrados nos controles migratórios de aeroportos.

A Hostelling International USA, uma organização sem fins lucrativos que administra hotéis em todo o país, recebeu pedidos de cancelamento de reservas de grupos de jovens de países não afetados pelo veto de Trump por medo de serem interrogados por terem dupla nacionalidade e não conseguirem entrar nos EUA.

Michael W. McCormick, diretor-executivo da associação de agências de viagens de negócios GBTA, declarou à Agência Efe que o segundo veto "é muito mais limitado e claro", e acrescentou que "toda restrição aos viajantes deve ser baseada na segurança e não deve impedir as viagens de maneira desnecessária".

Na mesma linha, Patricia Rojas-Ungár, vice-presidente de Relações Governamentais da patronal US Travel Association, ressaltou a redação da segunda ordem executiva revisada em março sobre o veto.

Em sua opinião, "um reforço da segurança" é necessário e o governo Trump foi "mais prudente" na redação do segundo veto revisado, mas ainda é preciso saber se os turistas, especialmente os europeus, deixarão de lado suas preocupações.

No último trimestre de 2016, a riqueza gerada pelo turismo caiu 3,3%, segundo dados do governo americano divulgados nesta semana, o primeiro número oficial que inclui o período pós-eleição de Trump, em novembro.

Segundo projeções da empresa de consultoria Tourism Economics, a retórica e políticas isolacionistas de Trump poderiam fazer com que 6,3 milhões de estrangeiros deixassem de viajar aos EUA, o que equivaleria a perder US$ 30 bilhões por ano.

Isto seria um duro golpe para uma indústria que movimenta US$ 1,77 trilhão nos EUA, que seguem à frente do ranking de países que mais viajantes e dinheiro atraem, à frente de concorrentes como Espanha, França e China.

A retórica de Trump contra refugiados, muçulmanos e a favor de um muro na fronteira com o México não parece estar beneficiando o turismo, que tem um grande potencial de gerar empregos, especialmente porque, só a partir de 2011, com a criação da Brand USA, os Estados Unidos se credenciam no exterior como destino.

"A percepção é tão forte como a realidade. Devemos deixar claro que os turistas são bem-vindos no país, que têm as portas abertas", opinou Patricia.

Trump conhece muito bem o competitivo mercado mundial do setor, cuja queda nos EUA poderia afetar sobretudo sua cidade natal, Nova York, e um dos estados que o levou à Casa Branca, a Flórida.

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