Economia

Vendas do comércio perdem fôlego e avançam 0,4% em outubro

Antecipação de ofertas, principalmente nos setores de móveis e eletrodomésticos e equipamentos para escritório, puxam comércio para o campo positivo, diz IBGE

Com o resultado, o varejo acumula alta de 1% no ano. Nos últimos 12 meses, a alta é de 0,1%, segundo o IBGE (Leandro Fonseca/Exame)

Com o resultado, o varejo acumula alta de 1% no ano. Nos últimos 12 meses, a alta é de 0,1%, segundo o IBGE (Leandro Fonseca/Exame)

AO

Agência O Globo

Publicado em 8 de dezembro de 2022 às 11h00.

As vendas do comércio avançaram 0,4% na passagem de setembro para outubro, conforme mostram os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE. Cinco dos oito segmentos pesquisados registraram alta no mês, com destaque para os setores de móveis e eletrodomésticos e equipamentos para escritório, que anteciparam promoções de Black Friday e puxaram a alta do setor.

Com o resultado, o varejo acumula alta de 1% no ano. Nos últimos 12 meses, a alta é de 0,1%, segundo o IBGE. A alta de 2,5% no volume de vendas nos segmentos de móveis e eletrodomésticos (2,5%), seguido do crescimento de 2% no segmento de equipamentos e material para escritório deram impulso ao setor em outubro.

Tenha acesso agora a todos materiais gratuitos da EXAME para investimentos, educação e desenvolvimento pessoal.

Também contribuíram os segmentos "outros artigos de uso pessoal e doméstico", com alta de 2%, seguido dos setores de combustíveis e lubrificantes e hiper e supermercados, com altas de 0,4% e 0,2%, respectivamente. Na outra ponta, artigos farmacêuticos (-0,4%), tecidos, vestuário e calçados (-3,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-3,8%) tiveram queda. No varejo ampliado, que inclui "veículos, motos, partes e peças" e "material de construção", a alta foi de 0,5%.

Antecipação das promoções de Black Friday

Segundo o IBGE, parte do desempenho positivo em outubro é explicada pelo movimento cada vez mais frequente do varejo de antecipar as ofertas da Black Friday, que ocorre sempre na quarta sexta-feira do mês de novembro.

Em meio aos juros altos e de parte da renda das famílias comprometida com dívidas, a antecipação de promoções é uma das estratégias implementadas pelos lojistas para que o brasileiro possa diluir as compras ao longo do tempo e aproveitar mais ofertas. Além disso, neste ano, o fato de a Copa do Mundo coincidir com a data comercial dividiu a atenção do consumidor e corrobora para a diluição de ofertas.

Cristiano Santos, gerente da pesquisa, explica que desde 2020 a Black Friday vem se pulverizando porque as empresas começaram a antecipar promoções e descontos:

— Vimos isso agora em outubro, sobretudo em móveis e eletrodomésticos e equipamentos e material para escritório. Isso tem a ver também com um certo reposicionamento dessas atividades, que tiveram crescimento bem menor depois da pandemia e adotaram outras estratégias de descontos — explica Santos.

O pesquisador ressalta que na atividade de equipamentos e material para escritório há muita influência do dólar. Segundo ele, a apreciação do real em outubro ajudou nas ofertas desses produtos.

Otimismo moderado: Black Friday, Copa, 5G e Natal animam varejo, mas inflação e dívidas preocupam

Além disso, o comportamento próximo da estabilidade de hiper e supermercados e de artigos farmacêuticos - setores de grande influência na pesquisa - seguraram o indicador para a leitura global de estabilidade, conclui Santos.

Natal mais fraco

Apesar do avanço no volume de vendas em outubro, o cenário macroeconômico impõe desafios ao consumidor. Dados de queda de vendas na Black Friday, em novembro, já indicam um Natal mais fraco no varejo este ano.

Para o ano que vem, economistas esperam crescimento moderado para o varejo no ano que vem. Isso porque, de um lado, a política monetária em patamar contracionista tende a travar parte do desempenho dos segmentos sensíveis a crédito.

Novas pastas: Lula vai dividir Ministério da Economia em três: Fazenda, Planejamento, além de Indústria e Comércio

Do outro, a continuação do pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 e aumento real do salário mínimo, além do incremento de renda no mercado de trabalho, tendem a impulsionar as vendas dos setores sensíveis a renda.

LEIA TAMBÉM: 

Acompanhe tudo sobre:Comércioeconomia-brasileiraVarejo

Mais de Economia

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês

Rui Costa diz que pacote de corte de gastos não vai atingir despesas com saúde e educação