Economia

UE e Brasil se comprometem com acordo UE-Mercosul

"Buscamos um acordo de associação que não seja um idílio de verão, mas um casamento durável", disse o embaixador brasileiro em Bruxelas, Ricardo Neiva Tavares


	Bandeiras do Mercosul: o problema do protecionismo, dos quais são acusados mutuamente os países europeus e os sul-americanos, aflorou de novo na discussão.
 (Norberto Duarte/AFP)

Bandeiras do Mercosul: o problema do protecionismo, dos quais são acusados mutuamente os países europeus e os sul-americanos, aflorou de novo na discussão. (Norberto Duarte/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2013 às 15h15.

Bruxelas - A União Europeia (UE) e o Brasil reafirmaram nesta segunda-feira o compromisso de alcançar um acordo de associação entre o bloco europeu e o Mercosul, frente às medidas protecionistas que ambas as partes se atribuem.

"Para manter o nível de ambição no acordo, as duas partes vão necessitar de criatividade e pragmatismo", disse o embaixador brasileiro em Bruxelas, Ricardo Neiva Tavares, em uma conferência sobre o potencial da relação estratégica entre a UE e o Brasil.

"Buscamos um acordo de associação que não seja um idílio de verão, mas um casamento durável", disse o embaixador, ao mesmo tempo em que recalcou que "é essencial para as duas partes olhar além das considerações a curto prazo".

O diretor-executivo para as Américas do Serviço de Ação Exterior da União Europeia, Christian Leffler, destacou que ambas as partes concretizaram na última cúpula euro-latino-americana, realizada em janeiro em Santiago do Chile, um calendário para dar um novo impulso à negociação e continuar com a troca de ofertas de acesso aos mercados antes do último trimestre do ano.

Leffler também destacou a importância de reativar a negociação entre a UE e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, além disso da Venezuela, que por enquanto participa como observador nas conversas para um acordo com a UE), em um momento em que os 27 acordaram iniciar negociações para uma área de livre-comércio com os Estados Unidos.

No entanto, o problema do protecionismo, dos quais são acusados mutuamente os países europeus e os sul-americanos, aflorou de novo na discussão.

A negociação, que foi retomada em 2010, quase não avançou no plano comercial devido às queixas dos europeus sobre supostas barreiras que são impostas, principalmente, por Brasil e Argentina ao comércio, e as denúncias dos sul-americanos sobre as ajudas que a agricultura europeia recebe.


"Honestamente, me surpreende quando vejo acusações de suposto protecionismo no Brasil", comentou o embaixador brasileiro.

Por sua parte, Leffler pediu ao Brasil "ativar de maneira substancial" a cooperação entre os diferentes reguladores em matéria de política industrial, o que "facilita o comércio e os investimentos".

"Foi produzida uma rápida evolução na cena internacional nos últimos 15 ou 20 anos. Há mais oportunidades agora, mas também muitos desafios e algumas ameaças", destacou.

O presidente da comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu (PE), o socialista português Vital Moreira, disse estar "preocupado pela falta de progressos na negociação" entre a UE e o Mercosul, e afirmou que seu êxito "depende da capacidade do Brasil para convencer Buenos Aires".

Tavares reafirmou que "o que foi visto desde que as negociações foram retomadas em 2010 deixa espaço ao otimismo".

O embaixador brasileiro disse que a negociação da parte normativa do acordo "deu seus frutos", mas reconheceu que ambas as partes se deram conta de que chegaram a um ponto em que "é difícil completar as normas do tratado sem ter uma imagem clara do conjunto".

Por isso, pediu "para avançar rumo à troca de ofertas de acesso aos mercados", o ponto chave da negociação.

Para poder levar o tratado a um bom termo, o embaixador pediu que os envolvidos "tenham consideração às sensibilidades do outro", e assegurou que, nesse contexto, "o acordo está ao alcance".

Tavares reconheceu que "as relações entre Brasil e a UE nunca foram tão estreitas como hoje em dia".

"Não consideramos as diferenças nos enfoques como um sinal de fraqueza da relação, ao contrário", disse o diplomata brasileiro, que acrescentou que "há um verdadeiro diálogo entre os membros e o direito de não estar de acordo algumas vezes". 

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