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Temer minimiza mudanças no projeto da Previdência

O presidente considera que, em nome da aprovação da reforma como um todo, as mudanças são válidas

Michel Temer: o presidente disse que sempre há uma "redução substanciosa" e que isso mostra o quanto a reforma será "útil" para a Previdência, "como é útil a reforma trabalhista" (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de abril de 2017 às 17h39.

Última atualização em 20 de abril de 2017 às 17h40.

Brasília - O presidente Michel Temer minimizou nesta quinta-feira, 20, as mudanças feitas no projeto de reforma da Previdência , que já desfiguraram em diversos pontos a proposta original, reduzindo em mais de R$ 200 bilhões a projeção de economia inicial prevista pela equipe econômica com o novo texto.

Para Temer, em nome da aprovação da reforma como um todo, "vale a pena reduzir o déficit".

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Ao admitir que a economia pode ser ainda menor do que a prevista pelo governo inicialmente, o presidente declarou:

"O que vale a pena: reduzir o déficit em seiscentos e tantos bilhões ou não fazer nada? Eu não vou fixar um número. Se não for R$ 600 bilhões (de economia) será R$ 580 bilhões ".

Para o presidente, o que importa é que haverá "uma grande redução do déficit".

Ao falar da importância da aprovação do texto, o presidente disse que sempre há uma "redução substanciosa" e que isso mostra o quanto a reforma será "útil" para a Previdência, "como é útil a reforma trabalhista".

Temer disse ainda que, na votação de quarta-feira, 19, que aprovou a urgência da reforma trabalhista, "ficou evidenciado o apoio do Congresso Nacional".

Mas, ao ser lembrado das dissidências dos deputados da base aliada que derrotaram o governo em plenário na terça-feira, 18, ao não dar os votos necessários para apressar a votação do texto que trata das mudanças das regras das relações de trabalho, Temer disse que "vai avaliar" se os parlamentares dos partidos da base aliada que votarem contra a reforma da Previdência poderão perder seus cargos, caso descumpram a orientação do Palácio do Planalto, já que a reforma trabalhista está funcionando como espécie de teste para a reforma da Previdência.

Questionado se a base pode perder cargos, se votar contra, Temer respondeu: "Espero que não".

Diante da insistência dos repórteres se, afinal, iria ou não demitir os rebeldes, Temer declarou: "Isso não sei. Nós vamos examinar no futuro".

A entrevista do presidente foi dada no Itamaraty, após as comemorações do dia do diplomata.

Ele resolveu falar, de improviso, para afagar os deputados que atenderam ao apelo do governo e aprovaram o texto na noite de ontem.

"No dia anterior não foi aprovado porque nem todos conseguiram votar", justificou o presidente.

"Evidentemente, o que pude perceber ontem é que, pela votação, se você contar os votos, equivalerão a 68%", disse ele, acrescentando que "287 votos é um bom indicativo para a reforma trabalhista, que vai trazer benefícios para o País".

Ao defender o texto, o presidente salientou que "as regras da reforma (trabalhista) apenas modernizam para incentivar o emprego, como aconteceu com a terceirização".

No caso da reforma da Previdência, Temer não quis prever o placar.

"Tenho que esperar. É difícil dizer. Temos que ir trabalhando, ajustando, conversando, dialogando, explicando", comentou o presidente, reconhecendo as dificuldades, já que, na Previdência, os problemas são maiores que na reforma trabalhista, já que são necessários 308 votos na Câmara.

"Na Previdência, estamos fazendo todas adequações, todos ajustamentos necessários para que haja aprovação na Câmara e no Senado", declarou ele, lembrando que, primeiro, "os principais problemas eram do trabalhador rural, do BPC e tudo isso foi ajustado e conversado com as bancadas, quando o relator me levou as principais questões e eu disse que poderia negociar".

O presidente admitiu que havia certeza de que o texto original da reforma da Previdência seria alterado no Congresso. "Tínhamos a absoluta convicção de que seria necessário conversar posteriormente, né?

E com esta conversa que se deu, aparentemente, as coisas estão ajustadas. Mas vamos esperar para ver porque primeiro tem a reforma trabalhista e depois é que vamos votar a reforma da Previdência", comentou ele, evitando falar em atraso no cronograma de votação.

"Não atrasou nada, não. E, se for para atrasar em benefício da reforma, não há razão para invocar atraso", amenizou.

"O que há razão é para dizer 'que bom, houve atraso de uma semana para melhorar a proposta'. Ou seja, foi para fazer algo compatível com o que o Congresso deseja e a sociedade brasileira quer", justificou.

Traições

Ao ser questionado sobre as traições dos partidos da base, o presidente também minimizou as dissidências. Sobre o PPS, que tem dois ministros, comentou que o partido votou quase integralmente.

"Penso que foi só um voto divergente", observou.

No caso do PSB, "ontem melhorou a performance, aumentou o número de votos", comemorou o presidente.

"Eu acho que, com as conversas que estamos tendo, acho possível que mais pra frente haja um aumento significativo dos votos", disse.

Questionado se ia fazer uma "DR" com os partidos, Temer perguntou: "O que é mesmo DR?".

Lembrado que é discutir a relação com os partidos, respondeu: "Sabe que discutir a relação, nós discutimos permanentemente, né? O que mais eu faço é dialogar. Sabe que a tônica do meu governo é o diálogo. Então, a todo momento estamos dialogando. Com todos os partidos. Não pensem que é só num partido que existe problema. Existe em vários. Nós vamos dialogando, mas o importante é que vamos tendo vitórias".

Sobre a possibilidade de perda de cargos dos dissidentes no caso do PSB, por exemplo, o presidente declarou que "o nosso ministro representando o PSB é um ministro que tem a melhor qualificação e tem feito um trabalho excepcional no ministério de Minas e Energia e, portanto, honra as cores do PSB. E o PSB, certa e seguramente, sensível a aquilo que é necessário para o Brasil, pouco a pouco vai trazendo os votos. Não tenho dúvida disso".

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