Economia

Supermicróbios poderiam custar até US$ 100 trilhões até 2050

Supermicróbios resistentes a drogas poderiam custar até US$ 100 trilhões à economia mundial entre hoje e 2050, segundo revisão


	Laboratório de microbiologia: se não forem controladas, infecções poderiam causar 10 milhões de mortes adicionais por ano, diz economista
 (Jorge Dirkx/AFP)

Laboratório de microbiologia: se não forem controladas, infecções poderiam causar 10 milhões de mortes adicionais por ano, diz economista (Jorge Dirkx/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 20h51.

Londres - Supermicróbios resistentes a drogas poderiam custar até US$ 100 trilhões à economia mundial entre hoje e 2050, uma ameaça que justifica tanta atenção como a mudança climática, segundo uma revisão liderada pelo economista Jim O’Neill.

Se não forem controladas, as infecções poderiam causar 10 milhões de mortes adicionais por ano, com impacto sobre a riqueza global aproximadamente equivalente à perda da produção econômica do Reino Unido a cada ano, disse O’Neill, ex-economista do Goldman Sachs Group Inc., à imprensa em Londres ontem.

A análise, encarregada em julho pelo primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, destaca o crescente problema da resistência a antibióticos e pede “uma atuação internacional coerente” em matéria de regulamentação e uso de drogas.

Uma revisão posterior explorará assuntos como a forma de estimular o desenvolvimento de medicamentos antimicróbicos e o potencial de terapias alternativas como vacinas.

“Este é um problema mundial significativo, talvez na mesma dimensão que a mudança climática”, disse O’Neill. “Tentar resolvê-lo é um pouco parecido com a mudança climática: O custo de deter o problema é muito menor do que o custo de não detê-lo”.

A projeção de dez milhões de mortes por ano até 2050 supera a taxa anual de mortes causadas pelo câncer, que é de cerca de 8,2 milhões, segundo o relatório.

Problema mundial

Supermicróbios resistentes a drogas causam pelo menos 700.000 mortes por ano atualmente, e o problema não se confina ao mundo em desenvolvimento. Embora a África e a Ásia sofram o maior número de mortes até 2050, a mortalidade poderia alcançar quase 400.000 pessoas tanto na Europa quanto na América Latina, e mais de 300.000 na América do Norte.

“O mundo precisa abordar seriamente a alta da resistência a antibióticos”, disse Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA e presidente emérito da Universidade Harvard, em uma declaração. “Ignorar a maré de infecções resistentes a drogas traz o perigo de desfazer os avanços médicos duramente conquistados no último século”.

A resistência aos antibióticos se tornou tão aguda que uma era pós-antibióticos em que infecções comuns e lesões menores causem mortes é uma possibilidade neste século, disse a Organização Mundial da Saúde em abril. O uso excessivo de antibióticos entre humanos e animais de fazenda é o principal culpado.

Soluções dos laboratórios

Muitas empresas pararam de desenvolver drogas contra infecções anos atrás para se focarem no tratamento de doenças crônicas mais lucrativas, como o câncer e doenças cardíacas, ao passo que outras estão vendo uma oportunidade e uma necessidade insatisfeita cada vez maior.

A Cubist Pharmaceuticals Inc. vende três medicamentos para infecções de tratamento difícil e tem mais quatro em preparação, o que a converte na líder mundial em antibióticos. A Merck Co., o segundo maior laboratório dos EUA, concordou nesta semana em comprar a Cubist por US$ 8,4 bilhões, uma reivindicação para a empresa de menor tamanho, que trabalhou arduamente durante duas décadas em uma área em grande parte ignorada pelo restante do setor.

A análise publicada hoje foi realizada pela empresa de contabilidade KPMG e pela RAND Corporation com dados fornecidos por cientistas. O grupo estudou o impacto a futuro da resistência de seis infecções comuns: três infecções bacterianas, entre elas a E. Coli, e a malária, a tuberculose e o VIH.

Outros relatórios do painel montado pelo Reino Unido serão publicados durante o verão boreal de 2016.

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