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Sul dos EUA descobre consequências econômicas da homofobia

O preço do preconceito: estados americanos como Carolina do Norte e Mississippi aprovam leis contra população LGBT e assistem à fuga de investimentos

Homem carrega bandeira gay no bolso do terno: excluir os gays tem consequências na economia (YASUYOSHI CHIBA/AFP)

João Pedro Caleiro

Publicado em 15 de abril de 2016 às 13h50.

São Paulo - Alguns estados americanos estão descobrindo o custo de atacar a população LGBT em pleno 2016.

Na Carolina do Norte, tudo começou quando a maior cidade do estado, Charlotte, passou uma lei incluindo orientação sexual e identidade de gênero na legislação anti-discriminação da cidade.

Negócios ficariam proibidos de negar serviço a alguém com base nestes critérios, e transexuais teriam garantido seu direito de usar o banheiro do sexo com o qual se identificam, e não aquele que lhes foi designado no nascimento.

O Legislativo estadual reagiu com uma lei que invalida qualquer forma de proteção deste tipo em nível local - discutida, aprovada e assinada pelo governador republicano Pat McCrory no espaço de 24 horas. A reação foi imediata.

Perda de negócios

Em uma carta pública, mais de 90 executivos afirmaram que a lei "tornaria mais desafiador para os negócios do estado recrutar e atrair os melhores e mais brilhantes trabalhadores do país, além de diminuir seu apelo como destino de turismo, novos negócios e atividade econômica".

Entre os signatários, presidentes de empresas como Mark Zuckerberg (Facebook), Marissa Mayer (Yahoo!), Brian Moynihan (Bank of America) e Oscar Munoz, da American Airlines, que tem seu segundo maior centro de operações no aeroporto de Charlotte.

A empresa de pagamentos online PayPal desistiu de um plano anunciado poucos dias antes de levar para Charlotte seu centro de operações globais - e com ele, 400 empregos e US$ 3,6 milhões em investimento até o final de 2017.

Outras empresas fizeram anúncios semelhantes, Bruce Springsteen cancelou um show, a liga de basquete colocou em cheque um jogo previsto para 2017 e outras cidades e estados americanos baniram viagens oficiais não essenciais para a Carolina do Norte.

Ontem, foi a vez do Deutsche Bank anunciar o congelamento de uma expansão que abriria 250 empregos em um centro de desenvolvimento de aplicativos em Cary.

O centro de convenções da capital Raleigh disse que 5 eventos já haviam sido cancelados e 16 estavam sob risco ontem o governador Pat McCrory começou a sinalizar que pode aceitar mudanças na lei.

Isso revela o abismo no estado entre um interior fortemente religioso e republicano, de um lado, e grandes cidades que votam nos democratas e apoiam a diversidade, de outro.

A maior parte das grandes empresas internacionais já entendeu que apoiar os direitos LGBT é uma boa estratégia diante de uma opinião pública que tolera cada vez menos práticas e declarações discriminatórias ( vide o caso Barilla ).

Setores como o financeiro, de entretenimento, esporte e tecnologia não estão na linha de frente por acaso. Eles são cobiçados pelos estados por seus empregos bem pagos e qualificados e ao mesmo tempo, precisam atrais jovens (inclusive gays) que levam a diversidade muito a sério.

Outros estados

Nos Estados Unidos, as chamadas "leis de liberdade religiosa" são uma forma dos governos locais satisfazerem o ranço anti-LGBT de eleitores conservadores.

Esse movimento ficou ao mesmo tempo mais forte e mais complicado diante do avanço da proteção LGBT em nível federal, marcada pela aprovação do direito ao casamento pela Suprema Corte em junho do ano passado.

No Mississippi, uma "lei de liberdade religiosa" nos moldes da Carolina do Norte foi aprovada semana passada. Escritores locais como John Grisham protestaram em uma carta e alguns dos maiores empregadores do estado, como a Nissan, também condenaram a lei.

No caso do estado da Georgia, uma lei parecida passou no Legislativo mas foi vetada pelo governador Nathan Deal. A maior pressão veio de pesos pesados de Hollywood, como a Disney, que filmam com frequência no estado atraídas pelas leis locais de incentivo.

A organização de turismo Visit Indy estimou que o estado de Indiana perdeu US$ 60 milhões em receita com a passagem de uma lei em março de 2015 que permitia negar serviços a cidadãos LGBT (o texto foi posteriormente "corrigido" para excluir essa possibilidade).

O custo da discriminação

No final de 2014, o Banco Mundial fez um evento para apresentar estudos que tentam calcular o impacto econômico da exclusão da população LGBT.

Isso começa com o assédio na escola, que diminui o potencial da educação. Depois vem o preconceito no ambiente de trabalho, que leva a menores salários, produtividade e participação na força de trabalho.

O preconceito também prejudica o diagnóstico e tratamento do HIV e aumenta as taxas de depressão e suícidio entre as minorias sexuais (isso sem falar na ameaça de violência física).

No caso da Índia, o prejuízo fica entre 0,1% e 1,7% do PIB - ou algo entre US$ 1,25 e US$ 7,7 bilhões. A Suprema Corte do país aceitou recentemente rever uma posição de 2013 que criminalizou o sexo gay.

A aceitação, por outro lado, traz ganhos. Um estudo do Williams Institute, da Escola de Direito da Universidade da Califórnia em Los Angeles, estimou o impacto do casamento gay nos Estados Unidos.

São US$ 2,6 bilhões em gastos, US$ 185 milhões em receita para cidades e estados e 13 mil empregos criados.

“Excluir minorias sexuais não é só uma tragédia humana, mas também um custo econômico que as sociedades impõem para si mesmas”, diz Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial.

São Paulo – Com muitas opções de lazer e diversão garantida, alguns bairros pelo mundo são considerados os melhores locais para o público gay, principalmente quando se trata dos turistas. O site AlugueTemporada, representante no Brasil da HomeAway, fez uma seleção dos 10 bairros mais gay-friendly (amigáveis) ao redor do mundo. Castro, em São Francisco, e Ipanema, no Rio de Janeiro , estão entre eles.  Veja nas imagens quais são os 10 bairros que melhor acolhem os turistas gays pelo mundo.
  • 2. Ipanema, no Rio de Janeiro

    2 /8(Mike Vondran / Flickr Commons)

  • Veja também

    País: Brasil O Rio de Janeiro já foi eleito diversas vezes um dos principais destinos no mundo para o público gay. E a praia de Ipanema é um dos bairros com mais opções de lazer e entretenimento.   Entre as ruas Prudente de Morais e Barão da Torre há diversas opções de bares e restaurantes que ficam lotados o ano todo. A rua começa na altura do Posto 9 da praia de Ipanema e se destaca com as diversas bandeiras coloridas.
  • 3. San Telmo, em Buenos Aires

    3 /8(Wikimedia Commons/Marianocecowski)

  • País: Argentina San Telmo está localizado próximo à Plaza de Mayo e é referência do turismo gay na América Latina. O bairro é bastante boêmio e tem também diversas galerias de arte lojas tradicionais, além do famoso mercado de Pulgas aos domingos. O Pride Café e o Baires Folk, boate de música eletrônica, são duas atrações muito conhecidas da região. Já no Tango Queer é possível aprender a dança adotar o papel tradicional do homem e a mulher.
  • 4. Chueca, em Madri

    4 /8(Wikimedia Commons/Osanjose)

    País: Espanha O Chueca está localizado no centro de Madri, mais especificamente entre as ruas Fuencarral e Barquillo. É por lá que também acontece anualmente a Festa de Orgulho Gay. Por muito tempo Chueca foi considerado um bairro para evitar, mas desde os anos 90 é o epicentro da comunidade gay de Madri. A região foi remodelada e hoje é considerada uma das mais chiques e glamorosos da cidade.  Entre as opções de lazer, o Bodega Angel Sierra, bar fundado em 1.900, e as casas noturnas LI, A Noite e Delirio são garantia de diversão.    O Mercado de San Antón é outra ótima opção de passeio, principalmente para quem gosta de produtos gourmet.
  • 5. Bairro Alto, em Lisboa

    5 /8(Wikimedia Commons/Miguel)

    País: Portugal Bairro Alto é um dos mais centrais da capital portuguesa, ele fica bem próximo do Chiado. É nele que está a famosa casa noturna Lux, propriedade de John Malcovich e onde tocam os DJs famosos. Os bares Purex, para mulheres, e The Cock, para os homens, são também referências na região. Todos os anos, em setembro, acontece o Festival de Cine Gay Queer Lisboa.
  • 6. Le Marais, em Paris

    6 /8(PlotSpoiler/Wikimedia Commons)

    País: França Las Marais está localizado entre o III e o IV distrito de Paris e possui mais de 22 mil habitantes. A Festa do Orgulho Gay acontece todos os anos por lá. Além de ser considerado a sede da comunidade homossexual de Paris, o bairro acomoda a maior comunidade judaica da Europa.  A Rua Rosier é a mais famosa da região. Nela, os turistas encontram diversas lojas abertas até aos domingos e muitas opções de restaurantes.  Em Las Marais há também o parque Place des Voges. O L'As Du Fallafel e a Droguerie du Marais são duas opções para quem gosta de boa comida. O bairro também conta com o Museu Carnavelet, o Hotel de Valle, a Place de la Bastille, o Museu Picasso e o centro Georges Pompidou.
  • 7. Soho, em Londres

    7 /8(Divulgação/AlugueTemporada)

    País: Inglaterra Todos os anos, em junho, acontece no bairro do Soho a Festa do Orgulho Gay. É nele também que está localizada a rua mais gay-friendly da Europa - a Old Compton Street. Outra rua famosa da região é a Waldour Street, onde está o “The Marquee Club”, local que já foi palco para shows históricos que aconteceram em Londres.
  • 8. Falando em viagem...

    8 /8(sergwsq/Thinkstock)

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