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Inversão da piramide Ao menos no campo da demografia, o Brasil se aproxima do clube dos países desenvolvidos. A população fica proporcionalmente mais velha à medida que diminuem tanto a taxa de natalidade quanto a de mortalidade infantil, ao mesmo tempo que aumenta a longevidade dos indivíduos. De 1994 a 2002, a expectativa de vida […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.

Inversão da piramide

Ao menos no campo da demografia, o Brasil se aproxima do clube dos países desenvolvidos.

A população fica proporcionalmente mais velha à medida que diminuem tanto a taxa de natalidade quanto a de mortalidade infantil, ao mesmo tempo que aumenta a longevidade dos indivíduos. De 1994 a 2002, a expectativa de vida do brasileiro passou de 67 para 69 anos. O acréscimo reflete a melhora das condições de vida dos cidadãos, como indica a progressão do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. O IDH brasileiro subiu de 0,738 em 1995 para 0,777 em 2001. A ascensão da mulher no mercado de trabalho e o maior nível de esclarecimento dos casais ajudam a explicar a queda da taxa de fecundidade. Em 1994, cada brasileira tinha em média 2,41 filhos, enquanto oito anos depois a média caiu para 2,16 filhos. Outro reflexo do fenômeno é a retração da taxa de natalidade no país. Para cada grupo de 1 000 habitantes, os nascimentos baixaram de 21,5 em 1994 para 19,71 em 2002.

A inversão da pirâmide demográfica é sinal de desenvolvimento. Por outro lado, complica a questão da Previdência -- pois há cada vez menos jovens para sustentar os idosos.

Bem-estar e informação

Um conjunto de indicadores sociais explica por que o brasileiro vive hoje melhor que há dez anos. O acesso da população aos serviços públicos básicos, como água, luz, esgoto e coleta de lixo, aumenta continuamente. A água encanada já alcança 82% os domicílios no país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As diferenças regionais, contudo, ainda são grandes. Enquanto no Sudeste a água chega a 91% das casas, no Norte não atinge 64%.

A maior taxa de crescimento pertence à Região Nordeste: em vez de 55,2% dos lares em 1992, 70,6% deixaram de ter as torneiras secas em 2002.

No mesmo período, a eletrificação urbana e rural chegou a praticamente todos os 47,6 milhões de domicílios do país.

Segundo o IBGE, 96,7% das residências contam com o serviço. Em 1992, o índice de penetração era 88,8%. A energia elétrica

é fundamental para incrementar tanto o conforto da população quanto seu acesso à informação. A televisão atinge hoje 89,9% dos lares (eram 74% em 1992), e o computador, 14,2% (em vez de 10,6% em 2000).

Mas o maior avanço ocorreu na telefonia fixa e celular: em dez anos, passou de 19% para 61,6% de penetração.

Roupas no tanque

Embora as vendas de eletroeletrônicos no país estejam distantes das verificadas nos primeiros anos do Plano Real, o índice de posse desses produtos nos lares brasileiro continua avançando. As geladeiras hoje são encontradas em 86,7% dos domicílios do país, um avanço significativo em relação aos 71,5% de dez anos atrás. Nas regiões Sudeste e Sul, o produto é obrigatório em praticamente todas as casas. Em contrapartida, no Nordeste apenas 67,5% dos lares contam com refrigerador na cozinha, ainda assim um índice 50% maior em relação ao que se encontrava em 1992. No caso das máquinas de lavar roupa, o brasileiro ainda tem muito a conquistar. Mesmo nas regiões mais industrializadas do país, o produto não está presente nem em metade dos domicílios. A média do país situa-se em 34% (eram 24,1% em 1992), o que significa que 15 milhões de residências contam somente com o velho tanque de lavar roupa. Os fornos de microondas ajudam a estourar pipoca em somente 19,4% dos domicílios do país, segundo o IBGE. Já os videocassetes são fonte de lazer em 35,3% dos lares, e a explosão do consumo dos aparelhos de DVD, que baixam continuamente de preço, deve conter o índice nesse nível.

O básico é universal

Ao menos no aspecto quantitativo, a educação básica no Brasil vai bem. Em 2003, matricularam-se 43,8 milhões de estudantes nas escolas de ensino fundamental e médio (antigos primário, ginásio e colegial). O número é equivalente ao da população de 7 a 17 anos de idade, teoricamente a freqüentadora dessas séries. Um sinal da universalização do ensino básico é a ligeira queda do número de alunos nas primeiras séries do ensino fundamental (antigos primário e ginásio), o que se verifica há três anos.

Em 2003, 34,7 milhões de estudantes matricularam-se no fundamental, 1,2% menos que em 2002.

Do total, 90% entraram na rede pública. Uma das explicações para a queda das matrículas é que a melhoria do fluxo estaria levando mais alunos para as séries superiores, ou seja, diminuiu a repetência. Ajuda a comprovar a tese o fato de que, no ensino médio, o número de matrículas não pára de aumentar. Foram 9,1 milhões em 2003, expansão de 4,8% sobre 2002. Os dados do ensino médio apontam uma pauperização das camadas médias da população. Enquanto o total de alunos da rede pública cresceu de 7 milhões para 8 milhões nos últimos quatro anos, o das escolas privadas se manteve em 1,1 milhão.

Em busca do canudo

A explosão do ensino superior nos últimos anos retrata a busca de qualificação para ocupar os melhores empregos.

Em 2002, 3,48 milhões de estudantes procuraram as faculdades e universidades do país, 1,35 milhão mais que em 1998. O setor privado foi o grande responsável pela absorção dos novos alunos. Em 1998, os 3 980 cursos da rede privada abrigavam 1,32 milhão de estudantes (62% do total matriculado no ensino superior). Em 2002, os cursos particulares se multiplicaram para 9 147, com 2,42 milhão de alunos (70% do total). Nesse período, o número de matriculados cresceu 84% na rede privada e 31% na pública. A queda de participação da rede pública provocou o estreitamento do funil do vestibular.

Em 1998, cada vaga nas universidades estaduais e federais era disputada por 7,7 candidatos. Em 2002, a relação havia subido para 9,4. Nas faculdades particulares, ocorreu o inverso. De 2,2 candidatos que disputavam uma vaga em 1998, a relação caiu para 1,6 em 2002.

Os alunos também envelheceram. Em 2000, 64% tinham até 24 anos, e 5,3%, 40 anos ou mais. Dois anos depois, a participação dos mais jovens baixou para 62%, e a dos mais velhos subiu para 6,4%.

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