Diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde: a instabilidade está crescendo na economia global e muitas das soluções de políticas se aplicam a todos os países (Yuri Gripas/Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2015 às 09h24.
São Paulo - A Ásia resistiu razoavelmente bem à turbulência causada pela crise financeira mundial de 2008 e novamente em 2013, em meio a preocupações com o fim do programa de compra de bônus do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), mas a situação está mudando novamente, gerando volatilidade para todos os países, afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
"Estamos todos sentindo o impacto do reequilíbrio na China e migrando para um modelo revisado de negócios. Estamos enfrentado a continuidade do crescimento fraco no Japão" e a queda nos preços das commodities, disse Lagarde, durante uma conferência sobre finanças asiáticas em Jacarta, capital da Indonésia.
"Sobretudo, estamos todos aguardando a perspectiva de aumento de taxas de juros (nos EUA) e a volatilidade que inevitavelmente ocorrerá a partir de então", acrescentou.
Analistas e investidores especulam se o Fed vai começar a elevar seus juros básicos a partir da reunião de setembro. Muitos acreditam que temores relacionados à desaceleração da China podem levar o BC norte-americano a adiar o aumento de juros, que seria o primeiro em quase uma década.
Lagarde também comentou que a instabilidade está crescendo na economia global e que muitas das soluções de políticas se aplicam a todos os países.
"Obviamente, as políticas precisam ser adaptadas para as especificidades de cada país, mas estamos bem certos de que, na maioria dos casos, incluiriam...o fortalecimento da prevenção com uma política fiscal prudente", disse a chefe do FMI, citando a necessidade de se conter o crescimento excessivo do crédito, permitir que as taxas de câmbio ajam para absorver choques, manter níveis adequados de reservas internacionais e ampliar a supervisão regulatória do setor financeiro.
Lagarde disse ainda que a volatilidade financeira das últimas semanas mostrou "o quanto a Ásia está no centro da economia mundial e como problemas ocorridos em um país da região podem se espalhar para o resto do mundo".
Segundo Lagarde, isso é prova dos "ganhos extraordinários" obtidos pela geração asiática anterior no avanço de suas economias.
"Essa região deu nova vitalidade ao mundo, tornando-se a fonte primordial do crescimento global", disse Lagarde, acrescentando que a Ásia está indo "muito bem", apesar da turbulência que se seguiu à recente desvalorização do yuan na China.