Economia

Setor de shoppings prevê ano mais contido

Apesar de resultados resistentes no último trimestre, as operadoras preveem um 2015 de contenções, com foco nas operações internas


	Shopping da BR Malls: a BR Malls, por exemplo, vendeu participações em seis ativos no ano passado, dos quais cinco foram completamente alienados
 (Divulgação)

Shopping da BR Malls: a BR Malls, por exemplo, vendeu participações em seis ativos no ano passado, dos quais cinco foram completamente alienados (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2015 às 09h00.

São Paulo - Apesar dos resultados resistentes registrados no último trimestre, as operadoras de shopping centers preveem para 2015 um ano de contenções, com uma estratégia menos agressiva de crescimento e foco nas operações internas.

As empresas do setor se preparam para enfrentar o período mais turbulento que desenham para os próximos meses e passaram a reavaliar suas participações em empreendimentos e adotar uma postura defensiva.

Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a diretora de relações com investidores da Iguatemi, Cristina Betts, afirmou que a companhia deve passar a basear seu crescimento na compra de participação em empreendimentos que já estão em seu portfólio. De acordo com ela, a safra de inauguração de novos projetos acabou com o lançamento da unidade de São José do Rio Preto.

O grupo tem quatro expansões de unidades com lançamento planejado para 2015, em São Paulo, Campinas e Porto Alegre. Apenas para 2016 estão previstas as inaugurações de dois novos outlets, um em Santa Catarina e um em Nova Lima. Com o menor número de obras, a executiva disse acreditar que a alavancagem atual da empresa, que fechou 2014 em 3,1 vezes no cálculo de dívida líquida sobre Ebitda, deve ser reduzida para um nível em torno de 2 vezes a 2,5 vezes nos próximos dois anos.

A BRMalls, por sua vez, vendeu participações em seis ativos no ano passado, dos quais cinco foram completamente alienados pela companhia. No total, as negociações renderam R$ 389,2 milhões para a empresa.

De acordo com a administração, o desinvestimento faz parte da estratégia de reciclagem do portfólio, que tem como objetivo se desfazer de unidades nas quais o grupo identifica uma dificuldade de aumento de participação ou entende já ter capturado boa parte do crescimento possível.

Para 2015, a operadora espera um ano ainda mais desafiador e promete voltar seus esforços para melhorias internas da operação. A empresa pretende inaugurar três expansões em 2015 e o próximo shopping a ser lançado está planejado somente para 2016.

A direção da Aliansce, que não lançou nenhum empreendimento em 2014, também se mostrou cautelosa e afirmou que vai esperar sinais de um novo ciclo de crescimento no País antes de anunciar novos projetos. A companhia deve focar seus esforços em 2015 na expansão de cinco ativos, que juntos vão consumir um investimento líquido de R$ 68,8 milhões.

Em sua divulgação de resultados, a Sonae Sierra sinalizou vontade de continuar expandindo sua carteira de shoppings, mas ponderou que o mercado ainda vai levar algum tempo para absorver os negócios da área aberta nos últimos lançamentos. Em 2015, o grupo planeja inaugurar três expansões e garante que vai continuar a buscar alternativas para fazer crescer seus ativos.

Já o diretor financeiro e de relações com investidores da Multiplan, Armando d'Almeida Neto, está bem mais otimista. Ele afirmou que a empresa está pronta para aproveitar as oportunidades que surgirem neste ano e usar seu portfólio de terrenos e sua capacidade de crescimento. Em entrevista ao Broadcast, o executivo disse não ver 2015 como um ano diferente de qualquer outro.

A companhia deu início em 2014 às obras do ParkShoppingCanoas, no Rio Grande do Sul, e está finalizando a construção de dois empreendimentos, um residencial e um comercial, nos terrenos anexos ao BarraShoppingSul. A empresa destacou ainda em seu documento de divulgação de resultados ter 873,8 mil metros quadrados de áreas adjacentes a seus shoppings para o desenvolvimento de projetos futuros.

Quarto trimestre

O mercado recebeu bem os resultados apresentados pelas operadoras de shopping centers no quarto trimestre do ano passado e destacou a resistência do setor às adversidades macroeconômicas.

Os analistas do JP Morgan, por exemplo, avaliaram como bastante positiva a recuperação das vendas e dos aluguéis no conceito "mesmas lojas", que levam em consideração apenas as unidades abertas há mais de um ano, após a desaceleração do terceiro trimestre. O banco chamou a atenção ainda para o crescimento de dois dígitos nas receitas líquidas mesmo com o movimento mais moderado de expansão.

As vendas "mesmas lojas" da Iguatemi cresceram 8,1% nos três últimos meses de 2014 ante o mesmo período do ano anterior, enquanto os aluguéis no quesito registraram alta de 8,7%. Na Multiplan, as vendas subiram 7,9% e os aluguéis, 8,8%. A BRMalls reportou aumento de 6,5% nas vendas e 7,2% nos aluguéis. A Sonae Sierra teve expansão de 10,2% nas vendas e 11% no aluguel e a Aliansce registrou alta de 7,4% nas vendas e 7,5% nos aluguéis.

As receitas líquidas também tiveram um crescimento robusto no último trimestre, de 19,8% na Iguatemi, de 20,1% na Multiplan, 10% na Aliansce, 7,5% na BRMalls e 10,6% na Sonae Sierra.

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