Economia

Setor de combustíveis fósseis tem US$1,6 tri em risco, diz estudo

Segundo estudo, empresas de energia correm o risco de perder trilhões se ignorarem a transição para um mundo de baixo carbono

 (Mike Stone/Reuters)

(Mike Stone/Reuters)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 12 de março de 2018 às 15h55.

São Paulo - Os níveis atuais de investimento em combustíveis fósseis caminham na contramão das metas de redução de emissões do Acordo do Clima de Paris. Um estudo da consultoria Carbon Tracker estima que a indústria de petróleo, gás e carvão está colocando um total de US$ 1,6 trilhão de investimentos em risco, se o mundo agir em conjunto no combate às mudanças climáticas.

O estudo avalia o volume de investimentos em combustíveis fósseis necessários para os próximo anos, sob três cenários diferentes: mantido o business as usual (sem levar em conta a descarbonização da economia); um cenário em que se persegue a meta de limitar o aquecimento a 2 graus Celsius (ºC) até o final do século, e um mais agressivo limitado a um aumento de 1,75 ºC.

No cenário business as usual, o mundo precisará de US$ 4,8 trilhões em investimentos em petróleo, gás e carvão entre 2018 e 2025, mas muito menos se os governos intensificarem as iniciativas políticas para combater as emissões de gases efeito estufa.

Se o mundo perseguir a meta de 2ºC, a necessidade de investimento cairia para US$4 trilhões até 2025. Em um cenário mais agressivo, em que o mundo limita o aquecimento a 1,75ºC, o investimento em combustíveis fósseis não deveria passar de US$ 3,3 trilhões.

Na ponta do lápis, as empresas de combustíveis fósseis correm o risco de desperdiçar US$ 1,6 trilhão em gastos até 2025, se não basearem seus negócios nas metas climáticas internacionais, alerta o Carbon Tracker.

"Atualmente, as políticas dos governos ficam longe do objetivo final comprometido em Paris, mas devemos esperar um aumento dos esforços internacionais. Empresas que interpretam mal os sinais e investem demais em projetos marginais de petróleo, gás e carvão com base em um falso senso de segurança poderiam destruir o valor do acionista em bilhões de dólares", disse em comunicado o autor do relatório, Andrew Grant, analista sênior da Carbon Tracker.

O estudo estimou as perdas nos setores de petróleo, gás e carvão. Na indústria de petróleo, US$ 1,3 trilhão de gastos futuros estão em risco. Os EUA estão mais expostos, com US$ 545 bilhões em risco, seguido do Canadá (US$ 110 bilhões), China (US$ 107 bilhões), Rússia (US$ 85 bilhões) e Brasil (US$ 70 bilhões).

Já no setor de gás, cerca de US$ 228 bilhões de investimentos futuros estão em risco, segundo a Carbon Tracker. A Rússia está mais exposta, com US$ 57 bilhões em risco, seguida pelos EUA (US$ 32 bilhões), Qatar (US$ 14 bilhões) e Austrália, Canadá e Noruega (todos com US$ 13 bilhões).

Outros US$ 62 bilhões estão em risco na indústria do carvão, incluindo US$ 41 bilhões na China e US$ 10 bilhões nos EUA.

O estudo também estima que os investidores privados correm maior risco do que as empresas estatais. Eles estão expostos a 88% dos gastos com projetos de petróleo e gás desnecessários.

Independentemente das metas climáticas, a consultoria destaca que o rápido crescimento de tecnologias limpas está prejudicando os cenários de investimento em combustíveis fósseis.

Segundo a Carbon Tracker, a queda dos custos de veículos elétricos e da tecnologia solar poderia deter a demanda global de petróleo e carvão a partir de 2020.

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