Economia

Senado pode votar Mover em meio à indefinição sobre taxação de sites como Shein e AliExpress

Taxação de compras de até US$ 50 em sites como Shein e AliExpress foi retirada do projeto de lei pelo relator no Senado

Taxação de compras de até US$ 50 em sites como Shein e AliExpress foi retirada do projeto de lei pelo relator no Senado (Tuane Fernandes/Bloomberg/Getty Images)

Taxação de compras de até US$ 50 em sites como Shein e AliExpress foi retirada do projeto de lei pelo relator no Senado (Tuane Fernandes/Bloomberg/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 5 de junho de 2024 às 08h21.

Última atualização em 5 de junho de 2024 às 09h48.

O Senado deve votar nesta quarta-feira, 5, o projeto de lei que cria o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) e prevê o fim da isenção do imposto de importação para compras internacionais de até US$ 50 por pessoas físicas. O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados na última terça-feira.

A votação inicialmente estava prevista para ocorrer na terça-feira, 4, mas foi adiada a pedido do governo. O projeto tem pedido de urgência de líderes partidários.

A taxação de sites estrangeiros, como Shein e AliExpress, ganhou contornos de indefinição após o relator da matéria no Senado, Rodrigo Cunha (Podemos-AL), anunciar a retirada do trecho que definia o fim da isenção e uma alíquota de 20% para compras de até US$ 50. O relator afirmou que tratou o tema com os líderes do Senado e avisou ministros do governo Lula.

A decisão provocou reações dentro do governo e na Câmara dos Deputados, que costuraram um acordo na semana passada em torno do tema. Cunha reclamou de não ter participado das discussões.

O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), disse que se o Senado aprovar o Mover sem a taxação das compras internacionais, a Câmara não votará a matéria e o programa de incentivo para a indústria automotiva perderá validade.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que o Planalto não fez nenhum acordo para retirar a taxação e que trabalha para que a matéria vá à votação no plenário com a tributação de 20% sobre bens importados de até US$ 50.

Wagner acrescentou que "o governo não rompeu nenhum acordo" e sustentou que não houve orientação para que se retirasse o dispositivo da tributação.

O líder do governo disse que soube da exclusão do trecho somente quando Cunha apresentou o seu parecer, na tarde de terça. O petista disse que não havia expectativa nesse sentido, nem mesmo comunicada por Cunha.

Entenda a taxação discutida no Congresso

O relator da matéria na Câmara, o deputado Átila Lira (PP), incluiu o fim da isenção do imposto de importação como um “jabuti” — no jargão do Legislativo, quando um tema é incluído em proposta de assunto diferente — com a justificativa que a medida atende uma demanda do varejo nacional em relação a isonomia tributária.

Como mostrou a EXAME, o varejo nacional defende o fim da isenção para garantir um equilíbrio entre a carga tributária cobrada de empresas nacionais e estrangeiras. Setores afirmam que a manutenção da medida pode levar a demissões.

A expectativa do governo é que a matéria seja votada de forma celere. O Mover perdeu validade no dia 1º de junho, e pode prejudicar a liberação de incentivos financeiros para estimular a produção de veículos menos poluentes. A medida prevê crédito financeiros para abatimento de quaisquer tributos administrados pela Receita Federal ou até serem ressarcidos em dinheiro para montadoras que produzem no Brasil.

Acompanhe tudo sobre:AliExpressShein

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor