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Retorno de carry trade evapora após alta do IOF sobre captação

A taxa implícita de contratos a termo de câmbio negociados no exterior caiu de 8,1% em 30 de março para 1,6% na semana passada, a menor em sete anos

A queda ocorreu depois que o ministro Guido Mantega aplicou em março Imposto sobre Operações Financeiras de 6 por cento nos empréstimos externos de curto prazo (Agencia Brasil)
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Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2011 às 11h21.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2020 às 12h27.

Nova York e Santiago - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, está dando fim ao melhor carry trade do mundo. A taxa implícita de contratos a termo de câmbio negociados no exterior, conhecidos como NDF, caiu de 8,1 por cento em 30 de março para 1,6 por cento na semana passada, a menor em sete anos. Um ano atrás, a taxa estava em 7,7 por cento. A queda ocorreu depois que Mantega aplicou em março Imposto sobre Operações Financeiras de 6 por cento nos empréstimos externos de curto prazo, tornando o financiamento em dólares mais caro no Brasil e corroendo a rentabilidade do chamado carry trade, ou arbitragem entre moedas.

O queda da taxa sinaliza o fim do período de dois anos no qual o real foi a moeda de melhor desempenho nas operações de carry-trade, nas quais investidores captam em países de juro baixo para aplicar em regiões de maior rendimento. Investir no real com dinheiro levantado nos Estados Unidos gerou rentabilidade de 66 por cento nos dois anos até março, o maior ganho entre 43 moedas acompanhadas pela Bloomberg. Essa operação causou perda de 0,5 por cento na semana passada, o pior desempenho entre todas as moedas.

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“A moeda do Brasil não é mais a estrela”, disse Diego Donadio, estrategista para América Latina do BNP Paribas em São Paulo. “Todas as restrições que o governo colocou nos últimos meses e trimestres -- IOF aqui, IOF ali -- tudo isso levou a atrito no mercado.”

Enquanto o real perde a preferência, investidores despejam recursos em moedas como o zloty polonês e o peso colombiano, respondendo aos aumentos de juros nas nações em desenvolvimento na tentativa de segurar a inflação. O carry trade foi a estratégia de câmbio mais lucrativa deste ano entre as quatro acompanhadas pelo Royal Bank of Scotland NV, com rentabilidade de 3,5 por cento após ganho de 8,6 por cento em 2010. A operação com o zloty deu retorno de 13 por cento e de 7,3 por cento com o peso colombiano.

Déficit recorde

Na semana passada, o real se desvalorizou em relação a todas as moedas de mercados emergentes, enfraquecido pela corrosão do lucro no carry trade. A moeda brasileira perdeu 0,6 por cento para R$ 1,5754 por dólar, reduzindo a alta no ano para 5,5 por cento.

As Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2017 dispararam na semana passada, reduzindo o rendimento em 13 pontos-base para 12,7 por cento.


O IOF sobre captações no exterior é parte dos esforços de Mantega para limitar a disparada de 38 por cento do real em dois anos, que prejudica os exportadores e que aumentou o déficit anual em transações correntes para um recorde de US$ 50 bilhões.

Mantega, que disse em setembro que o Brasil enfrentava uma “guerra cambial” global para conter o avanço do real, mudou as regras de taxação três vezes desde 29 de março, com o objetivo de restringir a tomada de recursos no exterior por empresas, depois de triplicar o IOF em aplicações em renda fixa por estrangeiros no fim do ano passado. O Banco Central também comprou US$ 29,9 bilhões no mercado de câmbio este ano para desacelerar a valorização do real, três vezes mais do que no mesmo período do ano passado.

Apostas otimistas

Os investidores asiáticos, inclusive japoneses, têm mais de US$ 50 bilhões em apostas na alta do real por meio de NDF com prazo inferior a três meses, de acordo com estimativas do Citigroup Inc. Investidores podem abandonar essas operações se as taxas permanecerem abaixo de 2 por cento, segundo Dirk Willer, estrategista-chefe de mercados locais da América Latina em Nova York.

“As chances de saída de dinheiro japonês estão aumentando”, disse Willer, que aconselha clientes a abandonar apostas na alta do real. “Estou bastante nervoso quanto ao real. As autoridades provavelmente estão bem felizes com o que conseguiram.”

O Ministério da Fazenda disse por e-mail que não faria comentários. O Banco Central disse também por e-mail que não comenta movimentos de mercado.

A queda da oferta de dólares elevou o custo de empréstimos na moeda americana no Brasil. O cupom cambial, que é a taxa de juros em dólar do mercado brasileiro, saltou para 9,6 por cento em 28 de abril, o maior nível desde dezembro de 2007. O contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento em junho era negociado a 11,9 por cento em 29 de abril.

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