Recentemente, o governo reforçou seu controle sobre as comunidades autônomas, que deverão apresentar um plano de saneamento orçamentário, ou, do contrário, terão seu orçamento diretamente controlado pelo governo central (Denis Doyle/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2012 às 12h25.
Barcelona - As 17 comunidades autônomas espanholas, maiores responsáveis pelo déficit orçamentário do país em 2011, voltarão a superar suas metas deste ano, estimou nesta sexta-feira a Fundação de Estudos de Economia Aplicada (Fedea) o que comprometeria o déficit de 5,3% do PIB almejado pela Espanha.
"As comunidades autônomas (CCAA) foram as culpadas por dois terços do desvio total", disse o relatório da Fedea. O país havia calculado para o final de 2011 um déficit público de 8,51% do PIB, muito acima dos 6% estimados anteriormente.
O governo conservador, no poder desde dezembro, se dedicou desde então a um esforço de austeridade sem precedentes, prometendo alcançar um déficit de 5,3% em 2012 e de 3% em 2013.
Recentemente, o governo reforçou seu controle sobre as comunidades autônomas, que deverão apresentar um plano de saneamento orçamentário, ou, do contrário, terão seu orçamento diretamente controlado pelo governo central. Após um déficit de 2,94% ao final de 2011 (no lugar dos 1,3% almejados), o déficit destas regiões ao final de 2012 deverá ser de 1,5%.
Contudo, "para o ano de 2012, estimamos que, devido aos orçamentos, e uma vez traduzido o déficit ao término da CN (contabilidade nacional), o exercício de 2012 terminará com um déficit em CN de -2,2% do PIB, o que significará um desvio de -0,7 ponto percentual sobre o novo OEP (Objetivo de Estabilidade Orçamentária), de -1,5% do PIB", afirmou a Fedea.
"Todas as CCAA descumprirão as metas, menos três: a Comunidade de Madri (com um déficit de -0,8%), a Rioja (-1%) e Galícia (-1,1%)", afirmou a fundação.
Os piores dados, segundo o estudo, serão Castilla-La Mancha com um déficit de 4,9%, Murcia (3,7%), as Ilhas Baleares (3,4%) e Valência (3,3%).
"Contudo, é importante levar em conta que os resultados apresentados neste relatório podem ser corrigidos com novas medidas e planos de reequilíbrio", disse a Fedea.
A Espanha, que acaba de voltar a cair em recessão, se encontra pressionada por seus sócios europeus para sanear suas contas públicas, enquanto que os mercados seguem inquietos sobre a saúde financeira das regiões e de seu setor bancário.
"Pela reputação da nossa consolidação fiscal, não podemos permitir que as CCAA voltem a descumprir seus compromissos", disse a Fedea, que pediu ao governo para que fizesse todo o possível para discipliná-las, inclusive, se for necessário, realizar medidas tão drásticas como a intervenção em alguma CCAA, concluiu.