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Reforma e inflação renovam otimismo do mercado

Nesta quarta, o risco Brasil recuou ao menor nível desde janeiro de 2015 e as chances de um corte maior dos juros no próximo Copom aumentaram

Inflação: um dos motivos persistentes de cautela para o mercado é a falta de um quadro mais claro sobre a eleição do próximo ano (spijker/Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2017 às 19h52.

São Paulo - A rejeição pela Câmara da maioria dos destaques que tentaram mudar a reforma da Previdência , combinada com a inflação abaixo da meta pela 1ª vez em 10 anos, renovou um otimismo que anda meio em banho-maria no mercado.

Nesta quarta-feira, o dólar chegou a cair para R$ 3,15, o risco Brasil recuou ao menor nível desde janeiro de 2015 e as chances de um corte maior dos juros no próximo Copom aumentaram.

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O entusiasmo do investidor, porém, ainda é contido.

Um dos motivos é a incerteza para a eleição de 2018, ainda distante mas cujas pesquisas já alimentam dúvidas sobre se o futuro presidente manterá o ajuste fiscal que o atual governo ainda nem começou, de fato, a promover.

O economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs em Nova York, avalia que o dólar poderá cair a R$ 3,00 ou mesmo abaixo deste nível se o Congresso aprovar a reforma da Previdência e o cenário externo continuar benigno.

Contudo, ele ainda mantém uma projeção um pouco mais cautelosa para a moeda, a R$ 3,20 no final do ano.

Um dos motivos persistentes de cautela para o mercado é a falta de um quadro mais claro sobre a eleição do próximo ano, diz o economista do Goldman.

Esta dúvida é realçada pelo fato de as reformas do governo Temer serem um avanço ainda incompleto e o país seguir com déficit elevado.

“Na virada do ano, poderemos entrar num período de grande incerteza. O investidor estará focado na eleição, querendo saber se os candidatos que lideram as pesquisas são comprometidos com o ajuste fiscal”, diz Ramos.

Além do avanço da reforma da Previdência na Câmara, o humor do investidor com o Brasil é favorecido pela alta das commodities no exterior e também pelo indicador oficial da inflação, que caiu para 4,08% em 12 meses em abril, abaixo do centro da meta e no menor nível desde julho de 2007.

O mercado de juros futuros aumentou a aposta na possibilidade de o ritmo de corte da Selic passar de 1 ponto percentual para 1,25 pp no Copom de 31 de maio.

A inflação vem “sistematicamente” surpreendendo para baixo, diz o economista Rodrigo Melo, da Icatu Vanguarda. Após desacelerar para 0,14% na variação mensal de abril, o IPCA deve ter alta maior em maio, mas ainda assim o índice em 12 meses continuará caindo.

Para o ano, Melo prevê inflação de 3,6%. Ele ainda prevê, oficialmente, um corte de 1 ponto na Selic em maio, mas com “viés de baixa”.

Há uma chance ”bastante relevante” de o corte ser acelerado para 1,25 pp se não houver nenhuma surpresa negativa das reformas em Brasília e se os números de inflação seguirem baixos.

O esforço de reformas e a queda da inflação e dos juros embalam o otimismo, mas o Brasil não é o único país a atrair o olhar dos investidores.

O déficit em conta corrente – a métrica mais ampla do comércio de bens e serviços – caiu no Brasil mas também na África do Sul, Turquia, Índia e Indonésia.

Esses países foram chamados de “ os cinco frágeis” em 2013, quando suas moedas sofreram fortes quedas. “Eles não são mais tão frágeis", disse Yacov Arnopolin, gestor de carteiras da Pimco, em entrevista à Bloomberg TV.

Ramos, do Goldman, faz um reparo à melhora dos fundamentos brasileiros.

Ele observa que o BC ganhou grande credibilidade ao trazer a inflação para a meta, mas a melhora, assim como a redução do déficit em conta corrente, foi até pequena se levado em conta o tamanho da recessão que o país viveu nos dois últimos anos.

“Com uma recessão de proporção histórica, se fosse um país normal o Brasil estaria com deflação, e não uma inflação de 4%.”

-(Gráfico/Bloomberg)

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