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Razão de superávit de maio abaixo do esperado foi greve, diz BC

Superávit em conta corrente registrado em maio, de US$ 729 milhões, ficou abaixo do projetado pelo BC, de US$ 2,5 bilhões positivos

Balança comercial: exportações caíram 2,8% em maio em relação a maio de 2017 (Mario Tama/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de junho de 2018 às 15h10.

Brasília - O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, afirmou nesta segunda-feira, 25, que o superávit em conta corrente registrado em maio, de US$ 729 milhões, ficou abaixo do projetado pelo BC (US$ 2,5 bilhões positivos) em função dos impactos trazidos pela greve dos caminhoneiros.

"As exportações foram afetadas pela greve dos caminhoneiros . Elas caíram 2,8% em maio em relação a maio de 2017, na primeira redução desde dezembro de 2016", pontuou Rocha.

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Ele destacou ainda que, nas três primeiras semanas de maio, antes da greve dos caminhoneiros, a média diária de exportações foi de US$ 1,070 bilhão. Nas duas últimas semanas de maio, porém, já com a greve, a média diária de exportações caiu cerca de 37%, para US$ 671 milhões. "Houve impossibilidade de transporte de mercadorias, para que chegassem aos portos", citou.

Rocha disse, porém, que o efeito da greve tende a se dissipar ao longo do tempo. "Em junho, a recuperação das exportações ocorreu de forma gradual. Na primeira e na segunda semana de junho, ainda houve exportações abaixo da média pré-greve dos caminhoneiros", disse. Segundo ele, com a recuperação a ser vista nas semanas seguintes, a estimativa do BC para conta corrente em junho é de estabilidade.

Revisão

Rocha destacou ainda que o resultado das transações correntes em maio foi o terceiro superávit seguido. Ele explicou ainda que, originalmente, o resultado de fevereiro havia sido divulgado como positivo, mas que houve uma revisão dos números.

"O Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Externo divulgou revisão nos dados de importação de fevereiro, com aumento no número de importações, no valor de US$ 1,886 bilhão. Isso se deve a um registro de importação que não tinha sido registrado no tempo hábil", afirmou. "Assim, revisamos os dados de conta corrente em fevereiro em razão de revisão feita pelo MDIC ", acrescentou.

Pelos dados atualizados do BC, houve déficit em conta de US$ 1,754 bilhões em fevereiro.

Viagens internacionais

O dólar mais caro já faz com que brasileiros sejam mais cautelosos nos gastos em viagens no exterior. Dados apresentados pelo Banco Central mostram que as despesas de turistas em viagem internacional cresceram 8% em maio na comparação com 2017. O ritmo é inferior ao observado nos quatro primeiros meses do ano, quando as despesas cresciam a uma velocidade próxima de 11%.

Segundo Rocha, até o dia 21 de junho, a conta de viagens internacionais acumula déficit de US$ 841 milhões, resultado de despesas de US$ 1,114 bilhão e receitas que somaram US$ 273 milhões no período.

"Está havendo, de fato, desaceleração no ritmo das despesas nas viagens internacionais. Isso é esperado diante da desvalorização do câmbio", disse o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, ao comentar que o dólar alto normalmente reduz o ritmo do crescimento das despesas antes de diminuí-las. "O câmbio alto faz com que desacelere o ritmo de crescimento das despesas", explicou, ao citar ainda que pode ter havido algum movimento pontual de compra de dólares pelos turistas, o que reduz os gastos no exterior.

Ano

Apesar dessa desaceleração destacada pelo técnico do BC, os números do acumulado do ano ainda apontam para recuperação. De janeiro a maio, a conta de viagens acumulou déficit de US$ 5,224 bilhões e o segmento de transportes acumulou saldo negativo de US$ 2,550 bilhões. Os dois números, disse Rocha, são os maiores déficits para o período desde 2015.

Economistas dizem que essas contas normalmente voltam a ficar no vermelho com a recuperação da economia, o que aumenta a disponibilidade de renda para os turistas e, ao mesmo tempo, eleva gastos de empresas com o transporte.

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