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Queda do petróleo desafia o projeto do pré-sal

A Petrobras deverá ter jogo de cintura para manter ritmo de investimentos que a permita explorar o pré-sal, em um contexto de queda dos preços

Pré-sal: na última segunda-feira, o preço do petróleo bruto foi o mais baixo em 5 anos (Divulgação/Petrobrás)
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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2014 às 17h09.

Rio de Janeiro - A Petrobras deverá ter jogo de cintura para manter o ritmo de investimentos que a permita explorar o pré-sal em um contexto de queda dos preços da commodity.

Analistas acreditam que a empresa pode deixar de lado projetos de gás já em curso e até se livrar de mais ativos, para se dedicar aos campos em águas profundas.

Na última segunda-feira, o preço do petróleo bruto foi o mais baixo em cinco anos. O barril de "light sweet crude" (WTI) foi cotado a 63,05 dólares em Nova York, e, em Londres, o Brent do Mar do Norte fechou a 66,19 dólares.

O preço ainda se encontra mais de 20 dólares acima do patamar de rentabilidade imposto pela companhia, de 41 dólares o barril.

"Não conheço um projeto do pré-sal que não resista a uma cotação de 70 dólares, ou até de 60", disse na semana passada a presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Magda Chambriard.

Risco alto

O que está questão não é a viabilidade do pré-sal nesse contexto de preços baixos, mas se a Petrobras pode manter o ritmo de seus investimentos nesse projeto, em que predomina a fase de exploração, a mais cara.

"A empresa está confortável em relação à capacidade de produção de petróleo e gás no pré-sal de modo economicamente viável. Atualmente operamos no pré-sal com 12 unidades de produção, todas com excelente produtividade", afirmou uma porta-voz da Petrobras à AFP.

De acordo com números oficiais, os investimentos no pré-sal serão de 82 bilhões de dólares entre 2014 e 2018.

Na semana passada, a agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmou que os recentes escândalos de corrupção na companhia podem prejudicar sua classificação de crédito. Isso significa que a empresa de economia mista teria maior dificuldade no acesso ao crédito para cumprir seus compromissos.

A Petrobras deve fechar o ano com investimentos totais de 40 bilhões de dólares. Manter este ritmo será um desafio para a empresa, que depende, naturalmente, da venda de petróleo bruto.

"Deixando tudo como está, o risco de não conseguir o dinheiro para continuar investindo 40 bilhões de dólares é muito alto", opinou Edmar Fagundes de Almeida, professor e coordenador do grupo de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Projeto prioritário

A Petrobras registrou vendas totais no valor de quase 37 bilhões de dólares no segundo trimestre (os dados do terceiro trimestre não foram divulgados em meio à investigação sofrida pela empresa). Nesse trimestre, seus lucros sofreram uma queda de 20%.

No pré-sal, hoje são produzidos mais de 500 mil barris por dia, 20% da produção total da Petrobras.

Perfurar um poço "onshore" (na costa) pode custar cerca de 5 milhões de dólares, se não houver complicações. Só a perfuração do pré-sal custa cerca de 120 milhões de dólares. Instalar a plataforma e colocá-la para produzir requer ainda mais dinheiro.

Para Almeida, a empresa deverá avaliar quais decisões financeiras precisará tomar a fim de manter intactos os investimentos no pré-sal, projeto que é absolutamente prioritário para o governo brasileiro.

"Se faltarem recursos para os investimentos, a Petrobras vai optar por sacrificar outros projetos como refino e gás", alertou Almeida.

Uma queda dos investimentos teria ainda um efeito dominó, pois afetaria também os parceiros estrangeiros ligados por lei à petroleira.

Somente um cenário extremo, em que os preços cheguem a um patamar mínimo de rentabilidade do pré-sal, obrigaria as empresas estrangeiras a suspender suas operações de exploração.

As pesquisas, contudo, prosseguiriam, pois sabe-se que com a produção dos campos os custos são consideravelmente reduzidos. Produzir no campo de Lula, o único do pré-sal que se encontra em uma fase plenamente produtiva, custa 9 dólares o barril.

Os analistas acreditam que antes de uma queda muito alarmante do preço do petróleo, a Opep deverá intervir com um corte na sua produção. Isso salvaria os preços e, consequentemente, o pré-sal.

São Paulo – Os números das reservas dos principais blocos do pré-sal brasileiro impressionam. Dê só uma olhada: de 8 a 12 bilhões de barris de petróleo no Campo de Libra ; de 5 bilhões a 8 bilhões de barris equivalentes em Tupi, entre 3 bilhões e 4 bilhões de barris em Iara; 1,1 a 2 bilhões de barris de óleo recuperável em Guará; e até 2, 5 bilhões no Parque das Baleias. Apesar de se tratarem de estimativas, se provadas, todas essas reservas somadas alçarão o país à elite dos 10 países com as maiores reservas nacionais de petróleo do mundo. Atualmente, o Brasil ocupa a 15ª posição, com reservas recuperáveis de 15,3 bilhões de barris de petróleo.
  • 2. 1º - Venezuela

    2 /10(Getty Images)

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    Reservas provadas em 2012: 297.6 bilhões de barris Participação mundial em reservas: 17,8% Produção em 2012: 2.72 milhões de barris/dia Participação mundial em produção: 3,4%
  • 3. 2º - Arábia Saudita

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  • Reservas provadas em 2012: 265.9 bilhões de barris Participação mundial: 15.9% Produção em 2012: 11,5 milhões de barris/dia Participação mundial: 13,3%
  • 4. 3º - Canadá

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    Reservas provadas em 2012: 173.9 bilhões de barris Participação mundial: 10.4% Produção em 2012: 3.7 milhões de barris/dia Participação mundial: 4,4%
  • 5. 5º - Iraque

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    Reservas provadas em 2012: 150 bilhões de barris Participação mundial em reservas: 9.0% Produção em 2012: 3.1 milhões de barris/dia Participação na produção mundial: 3,7%
  • 6. 7º - Emirados Árabes Unidos

    6 /10(Getty Images)

    Reservas provadas em 2012: 97.8 bilhões de barris Participação mundial em reservas: 5,9% Produção em 2012: 3.4 milhões de barris/dia Participação na produção mundial: 3,7%
  • 7. 8 º – Rússia

    7 /10(GettyImages)

    Reservas provadas em 2012: 87.2 bilhões de barris Participação mundial: 5.2% Produção em 2012: 10,6 milhões de barris/dia Participação na produção mundial: 12,8%
  • 8. 9º - Líbia

    8 /10(Shawn Baldwing/Bloomberg)

    Reservas provadas em 2012: 48 bilhões de barris Participação mundial: 2.9% Produção em 2012: 1,5 milhão de barris/dia Participação na produção mundial: 1,7%
  • 9. 10º - Nigéria

    9 /10(Getty Images)

    Participação mundial: 2,2% Reservas provadas em 2012: 37.2 bilhões de barris Produção em 2012: 2.41 milhões de barris/dia Participação mundial: 2,8%
  • 10. Maior reserva brasileira

    10 /10(Sergio Moraes)

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