Economia

Produção de veículos no Brasil cresce 7,7% em janeiro

Na comparação com o primeiro mês de 2012, a produção disparou 31,9%


	Fábrica de carros: vendas de veículos novos no país recuaram 13,3% em janeiro sobre dezembro
 (©afp.com / Denis Charlet)

Fábrica de carros: vendas de veículos novos no país recuaram 13,3% em janeiro sobre dezembro (©afp.com / Denis Charlet)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2013 às 15h45.

São Paulo - As montadoras de veículos do Brasil encerraram janeiro com recordes de produção e vendas, e com expectativa de um bom desempenho nos próximos meses, em claro contraste em relação à crise vivida em 2012, que forçou o governo a lançar medidas para estimular o setor.

As vendas de janeiro superaram pela primeira vez o patamar de 300 mil unidades para o mês, enquanto a produção foi a maior já apurada para o período, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela associação de montadoras, Anfavea.

"Começamos o ano bem, estamos bastante otimistas", disse a jornalistas o presidente da entidade, Cledorvino Belini, também presidente do grupo Fiat para a América Latina.

As vendas de janeiro, segundo Belini, foram apoiadas em uma estratégia de reposição de estoques que vieram reduzidos de dezembro e por consumidores interessados em aproveitar modelos produzidos ainda com desconto integral do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O tributo, reduzido no ano passado, passou a ser gradualmente elevado a partir de janeiro.

"O emblemático foi o recorde de produção (...) muitas montadoras resolveram não conceder férias coletivas em janeiro para reporem os estoques", acrescentou o executivo.

Em janeiro, as vendas somaram 311,5 mil veículos, alta de 16 por cento sobre o mesmo mês de 2012, enquanto a produção disparou 32 por cento, para 279,3 mil unidades.

Segundo Belini, fevereiro deve apresentar uma queda natural de vendas e produção por causa do feriado do Carnaval e do número menor de dias úteis, mas o resultado do mês deverá ser maior que o registrado em fevereiro de 2012. "Em março deverá haver uma recuperação", afirmou.

A entidade manteve a perspectiva divulgada em dezembro de que as vendas de veículos novos no Brasil em 2013 cresça entre 3,5 e 4,5 por cento, marcado o sétimo recorde anual consecutivo, para cerca de 3,9 milhões de unidades. A estimativa de produção também foi mantida em alta de 4,5 por cento, a 3,49 milhões de unidades.


A indústria encerrou janeiro com estoque de 298.029 veículos, equivalente a 29 dias de vendas, praticamente o mesmo nível visto em dezembro, de 295,2 mil unidades.

No ano passado, a indústria automotiva, que responde por cerca de 25 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) industrial, sofreu com o aumento da inadimplência, que secou as linhas de crédito, levando o governo a lançar medidas de estímulo, como a redução do IPI.

CAMINHÕES

Mantendo sinalização de melhora vista no final de 2012, o segmento de veículos pesados se destacou em janeiro, com a produção saltando quase que quatro vezes sobre o mesmo mês do ano passado, para 12.705 unidades.

"O segmento tem toda a chance de deslanchar este ano. O primeiro trimestre ainda não vai ser superior ao do ano passado, mas a tendência para o ano é de crescimento", disse Belini, acrescentando que a carteira de pedidos de caminhões da indústria "está bem forte".

Em 2012, a produção de caminhões desabou 40,5 por cento, atingida por fraco crescimento da economia e alto nível de antecipação de compras em 2011, antes da mudança no regime de emissões de poluentes que obrigou a fabricação de veículos com motores mais limpos, e também mais caros. O segmento começou a dar sinais de melhora a partir do fim do ano, depois que o governo decidiu em setembro baixar juros para financiamento de compra de bens de capital.

O presidente da Anfavea manteve a perspectiva de que as vendas e produção de caminhões no país devem crescer entre 7 e 7,5 por cento em 2013, motivadas por perspectiva de expansão do Produto Interno Bruto do país entre 3 e 4 por cento.

Belini afirmou que ainda não está garantida uma eventual volta da depreciação acelerada de caminhões, mas que a Anfavea segue negociando com o governo. O mecanismo permitiu a redução da base de cálculo do Imposto de Renda de veículos comprados ou encomendados entre setembro e o final de 2012, num incentivo decidido junto com um amplo pacote que também reduziu juros de financiamentos para aquisição de bens de capital.


EXTERIOR

A indústria encerrou janeiro com queda de 6 por cento nas exportações, incluindo máquinas agrícolas, em relação ao mesmo período de 2012, para 1 bilhão de dólares. Mas considerando apenas o segmento de autoveículos, houve crescimento de 8,9 por cento, para 802,28 milhões de dólares. Em unidades, o segmento avançou 9,5 por cento.

Enquanto isso, as importações, pressionadas por aumento de impostos a partir de 2012, ficaram praticamente estáveis em janeiro, avançando 0,2 por cento, para 68 mil veículos.

Belini afirmou que ainda é difícil ter uma perspectiva sobre as negociações entre Brasil e Argentina sobre o livre comércio de veículos. "Esperamos que as relações melhorem, estão num ritmo de 'dois pra cá, dois pra lá', o que preocupa decisões de investimento de fornecedores na Argentina", disse ele.

As discussões acontecem em um momento em que o Brasil pretende retomar as negociações paralisadas de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, afirmou uma fonte à Reuters no final de janeiro. Os blocos começaram a negociar em 1995, mas um acordo nunca avançou devido a desentendimentos sobre a liberalização do comércio agrícola e de bens industriais 

Acompanhe tudo sobre:AnfaveaAutoindústriaCarrosIndústriaIndústrias em geralVeículos

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor