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Presidente mexicano rema contra maré com austeridade em pandemia

Orçamento antivírus do México é um dos mais baixos da América Latina, já que o país mantém políticas fiscais austeras mesmo com a desaceleração

López Obrador: Eleito com o compromisso de combater desigualdade e corrupção, o presidente mexicano insiste em dizer que o histórico do país piorou problemas com coronavírus (Carlos Jasso/Reuters)

Ligia Tuon

Publicado em 25 de abril de 2020 às 08h48.

Última atualização em 25 de abril de 2020 às 08h48.

Governos de todo mundo injetam dinheiro nas economias para amortecer o golpe do coronavírus . Mas o presidente do México está quase sozinho contra essa tendência.

Andrés Manuel López Obrador foi eleito com o compromisso de combater a desigualdade e a corrupção. O presidente mexicano insiste que os resgates anteriores pioraram esses problemas, já que os políticos do México acumularam dívidas públicas para cuidar de aliados.

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Essa é uma das razões pelas quais López Obrador tem orçamentos apertados desde que assumiu o cargo em 2018. Com a propagação do vírus pelo México em março e início de abril, que paralisou a maior parte da economia, líderes empresariais esperavam que ele cedesse. Mas ficaram horrorizados ao perceber que o programa de austeridade foi mantido.

“Todos têm apoiado suas iniciativas privadas, suas indústrias”, disse Francisco Cervantes, presidente da Confederação de Câmaras Industriais (Concamin). “Não aqui no México. Não nos levam em consideração para nada.”

Por enquanto, o orçamento antivírus do México parece ser o mais baixo da América Latina, segundo cálculos do Fundo Monetário Internacional. O total de medidas anunciadas na semana passada correspondia a cerca de 1% do PIB, disse a S&P Global Ratings em relatório.

"Reparar o dano"

A resposta limitada do governo significa que “levará mais tempo para reparar os danos causados” a empregos e investimentos, disse na semana passada Elijah Oliveros-Rosen, analista da S&P Global Ratings. Segundo ele, outros países da região como Chile e Peru, que anunciaram medidas equivalentes a 7% e 12% do PIB, respectivamente, terão recuperações mais fortes.

Embora os efeitos da pandemia estejam em toda parte, o maior golpe não está nas instituições financeiras, mas nas pequenas empresas e em milhões de trabalhadores mexicanos que correm o risco de perder o emprego.

“Não estamos em uma crise financeira, não estamos em uma crise cambial”, disse Santiago Levy, que foi diretor-geral do Instituto Mexicano de Seguridade Social na última década. “Estamos em uma crise econômica e de saúde. É uma situação diferente. Nossas visões do passado não devem prejudicar nossa capacidade de entender essa crise.”

O porta-voz presidencial, Jesús Ramirez, disse que, embora as coisas possam mudar se a recessão for pior do que o presidente espera, por enquanto não há planos de aumentar os níveis de dívida ou reduzir impostos.

“Tomaremos medidas no momento, ainda não sabemos quais”, disse. “Em nosso país, temos experiências diferentes, como em 1994, quando houve um resgate, mas as últimas pessoas que se beneficiaram foram os menos privilegiados.”

(Com a colaboração de Eric Martin).

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