Presidente da AEB reclama protagonismo do comércio exterior
De acordo com Castro, Brasil deverá ter um volume menor de exportação e também de importação este ano, em função da revisão do PIB no mercado interno
Agência Brasil
Publicado em 16 de julho de 2018 às 16h28.
Última atualização em 16 de julho de 2018 às 19h19.
"O comércio exterior brasileiro está a reboque de outras políticas; ele não é protagonista. Ao contrário, é um mero coadjuvante", disse à Agência Brasil o presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. A AEB lançou hoje (16), na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro, o Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), cujo tema será "Desafios para um comércio exterior competitivo". O evento vai ocorrer nos dias 15 e 16 de agosto próximo, no Centro de Convenções SulAmérica, na capital fluminense.
Castro afirmou que o resultado de superávits comerciais da balança comercial decorre das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no exterior) e não de produtos manufaturados. Segundo o presidente da AEB, as exportações de manufaturados que o Brasil apresenta nos últimos três anos são menores do que aquelas que o país teve em 2007. E a expectativa para 2018 é a mesma.
Política específica
De acordo com Castro, a guerra comercial que se observa no mercado internacional atualmente vai afetar as commodities, o que sinaliza que o Brasil deverá ter um volume menor de exportação e também de importação este ano, em função da revisão do Produto Interno Bruto (PIB), no mercado interno. Castro reiterou que o comércio exterior do país, hoje, carece de uma política específica e de uma integração entre todos os ministérios, mostrando a real importância desse segmento para a economia.
"Nós estamos estacionados no 25º lugar entre os maiores países exportadores e não saímos desse lugar. Quem é a sétima ou oitava economia mundial não pode se contentar com uma 25ª posição", disse Castro. Ele acredita que o Enaex será o ambiente para que ministros de Estado se reúnam com entidades e empresários do setor e percebam a importância do comércio exterior para o Brasil.
Para o presidente da AEB, o comércio exterior é uma forma estratégica de se compensar mercados distintos em eventuais épocas de crise e, ao mesmo tempo, se inserir no mundo comercial, porque, hoje, o Brasil está fora das cadeias globais de valor. "E nós precisamos participar dessas cadeias porque, senão, nós vamos nos transformar em um mero exportador de commodities". O Brasil precisa alcançar mercados maiores e mais atrativos, apontou.
Custos
De acordo com o presidente da AEB, os exportadores não estão falando de taxa de câmbio, que é uma variável sobre a qual não se tem controle. Eles querem reduzir custos de modo a tornar o produto nacional competitivo. Essa redução de custos passa pelas reformas estruturais, trabalhista, previdenciária, tributária, investimento maciço em infraestrutura e redução das burocracias. "O Brasil é um país caro atualmente".
Castro disse que a nova perspectiva em relação ao comércio exterior será exigida do futuro presidente da República, qualquer que seja ele. "Que ele passe a olhar o comércio exterior de uma forma diferenciada", disse.
Em conversa com as equipes econômicas dos pré-candidatos à Presidência, castro disse que a AEB percebeu que há boa intenção em relação ao comércio externo do Brasil, mas nada de concreto, por enquanto. "A gente quer que de fato seja uma iniciativa concreta e não apenas uma boa intenção".
Castro avaliou que ainda está distante o dia em que o Brasil vai passar a exportar mais manufaturados, de maior valor agregado. O principal mercado do Brasil atualmente é a América do Sul, que compra 40% de tudo que o país exporta de manufaturados. Mas o potencial do continente é limitado, porque representa apenas 4% das importações mundiais.
O presidente da AEB brincou que o futuro do Brasil é o passado. Na sua avaliação, é preciso retornar a patamares de 2011, por exemplo, quando as exportações brasileiras atingiram US$ 256 bilhões, ou de 2007, quando somente as exportações de manufaturados alcançaram US$ 92 bilhões.