Economia

Por que o Brasil tem risco político médio segundo a Control Risks

"A turbulência tem impacto na economia, mas não se traduz necessariamente em deterioração do ambiente regulatório", diz o representante da Control Risks

Risco do Brasil está no mesmo nível de México, Argentina e todos os outros BRICS. (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Risco do Brasil está no mesmo nível de México, Argentina e todos os outros BRICS. (Tomaz Silva/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 13 de dezembro de 2016 às 15h44.

Última atualização em 13 de dezembro de 2016 às 16h45.

São Paulo - A delação da Odebrecht envolve partidos e pessoas do núcleo duro do governo, prometendo muita turbulência a partir de agora.

"Estamos provavelmente nos encaminhando para um recrudescimento das incertezas políticas, principalmente com o potencial da Lava Jato de implicar membros do governo e minar sua capacidade de aprovar medidas de ajuste e até a sua própria permanência no poder", diz Thomaz Favaro, representante da Control Risks no Brasil.

Mas o último relatório de risco da consultoria, divulgado ontem, coloca o Brasil como um país de "risco político médio" - mesmo nível de México, Argentina e todos os outros BRICS.

A justificativa é nossos órgãos de investigação e instituições seguem funcionando, mesmo com o cenáiro instável e episódios embaraçosos como o conflito entre o presidente do Senado e o Supremo Tribunal Federal.

Ou seja: uma deterioração política pode piorar as perspectivas de recuperação do crescimento, mas não mudar radicalmente as regras do jogo para os agentes econômicos que são o foco do relatório.

"A turbulência obviamente tem um impacto na economia, mas não se traduz necessariamente em um deterioração do ambiente regulatório, de negócios e de respeito aos contratos", diz Favaro.

É diferente da Venezuela e da Bolívia, por exemplo, dois países da América Latina que têm risco político definido como "alto" em parte por causa de um histórico de expropriações e nacionalizações.

Mesmo a capacidade do governo brasileiro de aprovar medidas no Legislativo não parece ter sido abalada por enquanto.

O Senado aprovou nesta terça-feira (13), em segundo turno por 53 votos a 16, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos.

Outras medidas do governo vão na contramão do cenário internacional, mais notadamente na área de comércio.

2016 foi marcado por dois eventos inesperados: a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos com um discurso nacionalista e protecionista.

Ambos sinalizam a ascensão de um discurso anti-globalização justamente no momento em que Argentina e Brasil voltam a dar sinais de abertura para o mundo.

"Isso pode significar problemas para Temer e Macri na medida em que eles tentam vender os benefícios de uma maior liberalização do comércio para um público cético. Ambos veem o aumento das exportações como uma forma rápida de impulsionar o crescimento econômico", diz o texto de Favaro no site do grupo.

Argentina e Brasil estão definindo uma regra que os libere para conduzir conversas bilaterais comerciais próprias, o que hoje só pode ser feito no âmbito do Mercosul.

As negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia também voltaram a andar, mas sua conclusão depende da evolução do cenário político.

Veja os vídeos produzidos pela Control Risks sobre o mapa de risco de 2017:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=FEiSeK8-gh8?list=PLGq4kDaT8Mh88OLPi_jQ3rgopy5qdvSrE&w=560&h=315%5D

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