Economia

Por que a desaceleração da China é pior do que você pensa

a economia da China cresceu a um respeitável ritmo de 7% no 2º trimestre, mas, é possível que a economia chinesa esteja crescendo a um ritmo muito mais lento


	Bandeira da China: ceticismo em relação aos dados econômicos da China não é uma novidade
 (Getty Images)

Bandeira da China: ceticismo em relação aos dados econômicos da China não é uma novidade (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2015 às 16h45.

Pelo menos superficialmente, a economia da China cresceu a um respeitável ritmo de 7 por cento no segundo trimestre, o que superou as expectativas e encaminhou o país à meta de crescimento anual do governo.

“Bingo!” foi como a agência oficial de notícias Xinhua saudou a informação em um tweet pouco depois da divulgação do número.

Mas, por baixo dessa primeira camada, é possível que a economia chinesa esteja crescendo a um ritmo muito mais lento.

Quando o PIB não está ajustado às mudanças de preços – o chamado PIB nominal –, o crescimento fica 2 pontos porcentuais mais fraco do que no ano passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Em uma base real, ou quando a inflação é considerada, o panorama parece muito melhor, pois o PIB fica apenas meio ponto abaixo do que o ritmo do ano passado.

Um motivo que está sendo usado para explicar essa brecha é que a China errou na conta do chamado deflator do PIB, um indicador abrangente dos preços na economia.

A Capital Economics Ltd. argumenta que o defletor do PIB da China foi subestimado nos períodos em que os preços das importações caíram menos do que os preços dos produtores, o que deu um impulso ao PIB real.

“Esse argumento é esotérico, mas tem grandes implicações: se o deflator for atenuado e o PIB nominal não, o crescimento do PIB real será informado mais alto do que de fato é”, disse Mark Williams, economista-chefe para a Ásia da Capital Economics em Londres, que anteriormente assessorou o Tesouro do Reino Unido sobre a China, em uma nota.

Em outras palavras, a China não está calculando as modificações nos preços das importações ao medir as mudanças gerais de preço na economia.

Ceticismo

O ceticismo em relação aos dados econômicos da China não é uma novidade, e os economistas frequentemente questionam se o PIB trimestral revela com exatidão o que está acontecendo em campo.

Por sua vez, os representantes do Serviço Nacional de Estatísticas da China defendem seus números e discordam dos analistas que apoiam a Capital Economics.

Mesmo assim, a Capital Economics está sustentando sua análise.

A firma concorda que talvez a economia chinesa tenha se estabilizado ou até mesmo acelerado depois de um período de lentidão, só que a um ritmo muito mais vagaroso.

Ela admite que no segundo trimestre os deflatores para os setores primários, como agricultura e serviços, aumentaram, ao passo que o deflator para a indústria secundária acompanhou a inflação do preço da produção.

E, ao contrário do que aconteceu no primeiro trimestre, os preços das importações não registraram grandes movimentações.

“Continuamos achando que existe um problema”, disse Williams, na nota. “Por conseguinte, assim como no primeiro trimestre, achamos que o PIB real está sendo superestimado por um ou dois pontos porcentuais”.

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