Economia

'Plano fiscal vai recuperar o grau de investimento', diz secretário do Tesouro

"Se formos bem-sucedidos, colocamos o País em uma rota de recuperação do grau de investimento de forma muito consistente até 2026, disse o secretário

Setor Público: Os números constam no Balanço do Setor Público Nacional, divulgado pela Secretaria do Tesouro Nacional (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Setor Público: Os números constam no Balanço do Setor Público Nacional, divulgado pela Secretaria do Tesouro Nacional (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de janeiro de 2023 às 08h59.

O custo da dívida pública deve entrar em trajetória de queda e ficar abaixo do nível anterior à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição assim que o novo plano fiscal e o projeto de reforma tributária estiverem encaminhados, afirma o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron. "Se formos bem-sucedidos, colocamos o País em uma rota de recuperação do grau de investimento de forma muito consistente até 2026?, mirou em entrevista ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A seguir, os principais pontos da entrevista.

Nesta semana, o Tesouro divulgará o resultado do governo central de 2022, com expectativa do primeiro superávit desde 2013. Como explicar isso?

Será uma divulgação técnica relativa aos resultados de 2022. Não sinaliza absolutamente nada sobre o futuro. É um contexto fácil de constatar: renúncia de receitas muito expressiva para 2023. Um resultado aparentemente bom para 2022 se transforma em resultado muito complicado para 2023. E tem a parte específica de precatório que foi para 2027. Não tem que ficar qualificando ou desqualificando as informações fiscais.

E vão falar sobre os passos que vão dar a partir de agora?

Já estamos dando. Estamos calibrando o tom da divulgação, mas, sinceramente, não estou tratando como um grande evento ou marco político. Pelo contrário, a postura do Tesouro tem que ser técnica e precisa. Podemos fazer críticas técnicas, quando forem pertinentes, mas sem misturar política - que é devida, mas de outras instâncias.

A equipe econômica apresentou um primeiro pacote de medidas, mas houve estresse no mercado com os eventos da semana passada. Como estão vendo a gestão da dívida?

O pacote inicial já foi colocado e impactou a curva de juros. Tivemos outros ruídos que estão estressando o mercado. (A situação das) Lojas Americanas também cria ruído na sensação de segurança econômica. Tem alguma pressão, mas já é melhor do que a primeira semana do ministro (Fernando Haddad) no governo. O dólar está em patamar menor, a taxa de juros também. A rolagem já está com preço menor.

Em fevereiro tem um grande vencimento. Haverá uma abordagem diferente para a ocasião?

Não. O que queremos é que, conforme as medidas (econômicas) forem acontecendo, tirem o estresse do mercado, deixando as taxas mais adequadas.

Em que horizonte?

Assim que a gente conseguir colocar o novo arcabouço fiscal no Congresso e a discussão de reforma tributária. Se tudo caminhar como esperamos, com sinalizações de boa tramitação, de que as reformas estruturais vão acontecer, aí volta. Nossa expectativa é de que (as taxas) caiam mais de 2 pontos porcentuais. Se a gente conseguir ser bem-sucedido nesse processo, nós colocamos o País em uma rota de recuperação do grau de investimento de forma muito consistente até 2026. Isso é muito claro. É técnico. Óbvio que as medidas iniciais foram para tirar um pouco da preocupação. Um (déficit de) R$ 230 bilhões vai gerar uma trajetória explosiva se nada for feito. O mercado já digeriu. Já mudamos o patamar da discussão.

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