PIB do agronegócio cresce 2,4% no primeiro bimestre
Setor, responsável por 20% do PIB do país, investe em maquinários e na pecuária para vencer a crise do coronavírus e continuar a crescer
Carla Aranha
Publicado em 12 de maio de 2020 às 18h30.
Última atualização em 12 de maio de 2020 às 20h13.
O ano começou bem para o agronegócio brasileiro, atividade que responde por 20% do PIB do país. Os bons resultados de janeiro e fevereiro foram puxados principalmente pelo crescimento da pecuária, que obteve uma expansão de 4,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O setor de fertilizantes, defensivos químicos e vacinas também teve um bom desempenho (3,8% de alta), assim como o de serviços (2,7%) e venda de máquinas e equipamentos (1,37%).
A agricultura conquistou um resultado 1,3% superior ao do primeiro bimestre de 2019, com destaque para o milho, café, soja e arroz. Os dados são da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A produção pecuária brasileira continua se beneficiando da epidemia da peste suína africana na China e em boa parte da Ásia. A doença, que surgiu na África há 100 anos, aos poucos foi se espalhando para outros continentes. A peste, causada por um vírus, ataca apenas suínos e javalis. Em 2018, o surto da doença na China dizimou cerca de 700 milhões de porcos, equivalente a 20% do plantel chinês.
Na China, a carne de porco é a proteína mais consumida. Com uma produção menor, o país passou a importar mais. As exportações de carne para a China e outros países asiáticos, também acometidos pela peste suína africana, aumentaram de uma forma geral em 2019.
Os embarques de carne bovina bateram um recorde no ano passado, com 1,8 milhão de toneladas exportadas, segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia. Quase a metade desse volume foi exportada para a China e Hong Kong.
Os primeiros meses do ano continuaram a refletir a procura na Ásia por mais carne. A expectativa é que as vendas continuem em alta, puxando o PIB do agronegócio. Outros segmentos não devem ter um crescimento expressivo.
"O resultado de março e abril deve apresentar um viés de baixa em razão da crise do coronavírus, que vem dificultando as entregas no Brasil", diz Renato Conchon, coordenador do núcleo econômico da CNA. "Produtores de hortaliças e frutas, que são muito perecíveis, estão preocupados." O acumulado do ano, no entanto, deverá apresentar índices positivos.