Economia

Petróleo consolida mudança de patamar

Para Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-estrutura, 2004 deve encerrar com o barril de petróleo a US$ 60. Diante da incapacidade de ampliar a oferta, uma alternativa imediata seria provocar recessão

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h51.

É muito mais provável que o barril de petróleo alcance 60 dólares no final do ano do que volte a 40 dólares. A avaliação é de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura. Para ele, os eventos da semana - e as cotações deles decorrentes, batendo em 53 dólares nesta sexta-feira (8/10) no pregão de Nova York -, já permitem estimar uma mudança definitiva de patamar dos preços internacionais da commodity. "A diferença entre oferta e demanda está na casa do 1%. Qualquer coisa faz o preço do petróleo subir 2 dólares, 3 dólares."

Segundo Pires, desde dezembro do ano passado, quando o barril era cotado a 29 dólares, uma razão após a outra empurrou o preço para cima, começando pelo inverno extremamente rigoroso no hemisfério norte, e seguindo por atentados terroristas e instabilidades políticas em diversos países.

O problema, desta vez, é a Nigéria, onde movimentos rebeldes ameaçaram explodir instalações petrolíferas, e depois operários do setor passaram a reivindicar melhores condições de trabalho, ameaçando realizar greve geral a partir de segunda-feira (já houve uma paralisação de advertência de dois dias). A produção nigeriana é de 2,3 milhões de barris diários, e constitui uma das dez principais fontes de abastecimento do mercado americano. "Sempre há um impedimento para a oferta crescer, e enquanto ela não consegue se expandir a demanda continua forte, especialmente de China, Índia e Estados Unidos."

Segundo Pires, como são visíveis diversos obstáculos para o incremento da produção na Rússia, Arábia Saudita, Venezuela, Iraque ou Nigéria, a alternativa seria reduzir a demanda. "Isso só pode ser obtido provocando recessão com uma forte alta dos juros, como Paul Volcker [antecessor de Alan Greenspan na direção do Federal Reserve americano] fez no início dos anos 80. Não sei se há disposição para isso."

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